domingo, 25 de novembro de 2007

McCoy Tyner, em clima de club

Luiz Orlando Carneiro

O crítico e historiador de jazz Stanley Crouch escreveu que "inovadores não são mais - e nem menos - do que indivíduos cuja individualidade exige reinterpretações dramáticas da linguagem corrente". A observação é genérica, de um artigo publicado em 2002. Mas poderia ter sido feita, agora, a propósito do mais recente álbum do formidável pianista McCoy Tyner, intitulado simplesmente Quartet, gravado no clube Yoshi's (Oakland, California), na última noite do ano passado.

O CD marca o retorno aos estúdios de Tyner, depois de um período de saúde abalada (está bem mais magro na foto da capa do disco), e a estréia de seu selo próprio, gerido e distribuído pela Half Note - a etiqueta do clube Blue Note. Seus parceiros são outros jazzmen extraordinários: Joe Lovano (sax tenor), Christian McBride (baixo) e Jeff "Tain" Watts (bateria). Esse dream quartet reinterpreta, sem olhar para o relógio - cada um dos componentes do conjunto expressando livremente suas idéias - seis composições do líder, das quais quatro bem conhecidas dos tynerianos: Passion dance, Blues on the corner e Search for peace, do antológico LP The real McCoy, de abril de 1967, o primeiro para o Blue Note; Walk spirit, talk spirit, de Enlightment (Milestone, gravado em Montreux, em 1973).

É natural que se pergunte por que, quatro décadas depois, McCoy insista em reexaminar temática recorrente em suas apresentações e discografia. Afinal de contas, em The real McCoy - álbum que o consagrou em termos de individualidade, depois de manter durante anos, ao lado de Elvin Jones, o intenso clima rítmico-harmônico do quarteto de John Coltrane - o pianista tinha a seu lado os já cultuados Joe Henderson (sax tenor), Ron Carter (baixo) e Elvin. Ou seja, por que dedicar metade de um disco de 65 minutos ao remake de obras definitivas?

A resposta parece óbvia quando se escuta o novo registro ao vivo do quarteto desse quase septuagenário gigante do jazz. Ele compartilha suas composições em seu piano de alta voltagem percussiva, gerador de intensas ondas melódico-harmônicas, através de arpejos, acordes e clusters contundentes, com músicos excepcionais que o conheceram já como um ícone. Quando Tyner atuou como sideman de Coltrane no monumental A love supreme, em 1964, Lovano era um garoto de 12 anos; Tain Watts tinha apenas quatro; McBride não era nascido.

Nesse álbum lançado em setembro, as reinterpretações da linguagem corrente do jazz são feitas por um quarteto de instrumentistas notáveis que reúne três gerações. A última faixa é uma versão romântica de For all you know (3m), em solo do pianista. É um standard pelo qual tem particular afeto, e que aparece também no aplaudido álbum Land of giants (Telarc), de 2003.



Fonte:JB Online

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quinta-feira, 22 de novembro de 2007

João Gilberto é destaque na lista dos melhores do jazz

Luciana Souza e Ithamara Koorax também aparecem na votação da revista DownBeat. Cantores Tony Bennett e Diana Krall lideram o ranking.

O baiano João Gilberto, a carioca Ithamara Koorax e a paulista Luciana Souza foram os três brasileiros escolhidos pelos leitores da tradicional revista americana “DownBeat” – considerada a “Bíblia do Jazz” – na votação dos “melhores do ano”.

A lista foi divulgada nesta segunda-feira (19). Na categoria cantor masculino, o primeiro lugar do ranking ficou para o cantor Tony Bennett, e entre as cantoras, venceu Diana Krall.

João Gilberto ficou na quarta colocação entre os melhores do jazz em 2007, no ranking liderado pelos Bennett, Kurt Elling e Bobby McFerrin. Considerado o maior nome da Bossa Nova, João Gilberto desbancou nomes de destaque no cenário internacional como o americano John Pizzarelli (o 6º) e o popstar inglês Jamie Cullum (12º).

Ithamara Koorax, que lançou este ano o disco “Brazilian butterfly”, foi considerada pelo júri popular da “Downbeat”, como a quinta melhor cantora de jazz. “Não consegui nem dormir essa noite! Esse prêmio é resultado de um reconhecimento que a revista já tinha me dado, ao classificar com quatro estrelas o meu novo disco”, contou a brasileira, que vive em Los Angeles.

Luciana Souza ficou na 11ª posição da lista das melhores intérpretes de jazz, que também destacou nomes como Nancy Wilson (2ª), Roberta Gambarini (6ª) e Madeleine Peyroux (7ª).

Outros brasileiros também apareceram na lista da DownBeat, na categoria instrumentistas. Os destaques foram o trombonista Raul de Souza, e os percussionistas Airto Moreira e Cyro Baptista.

Fonte: G1

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Um guia rápido para melhor entender o jazz

Rui Branco

O musicólogo Jorge Lima Barreto lançou recentemente mais um ensaio dedicado ao jazz, uma espécie de pequeno guia com 43 páginas.

Intitulada "Jazzorama 5", trata-se de uma incursão rápida por uma das expressões musicais mais marcantes do século XX, a que o autor já dedicou várias obras e com uma outra profundidade - e quem as conhece não terá aqui grandes novidades.

Lima Barreto dividiu este seu novo ensaio em cinco partes jazz: herança do século XX; proto jazz; fronteiras do jazz; o jazz e os media na pósmoderinidade e cognomes do jazz.

O musicólogo dividiu a primeira destas partes,noutras quatro variedade musical, da tradição oral ao kitsch; jazz, sincrético e seminal, eleito língua franca; pop rock, moda, formulação espectacular ; novas linguagens, criatividade pluridisciplinar e invenção científica. Aqui ficamos com uma ideia de como o jazz foi uma peça da evolução que vivemos durante o século XX e como surgiram um sem número de propostas para o terceiro milénio que agora dá os primeiros passos.

Em "proto jazz", o autor especula sobre o aparecimento do fenómeno musical. Escreve designadamente que " a música é imitição" ou então que "a música não está na naturezaporém , sai da natureza, emerge naturalmente da natureza".

Já em "fronteiras do jazz" ficamos com uma breve imagem de como as inovações estéticas e tecnológicas ditaram a evolução desta música . E como o jazz se fundiu com outras estéticas, que, a princípio, pareciam evidenciar diferenças inultrapassáveis, como, por exemplo, o raga indiano, a clássica japonesa ou a popular hebraica. Em suma, o jazz conseguiu estender os seus tentáculos a praticamente todas as tipologias.

No capítulo "o jazz e os media na posmodernidade", Lima Barreto aponta que, hoje em dia, já não precisamos de ir ter com a música, ela vem ter connosco, tamanha é a profusão de suportes por onde se difunde no nosso quotidiano.

No último capítulo, o musicólogo aborda "cognomes do jazz", uma abordagem que ainda não tinha realizado em obras anteriores. Aqui tem uma visão um tanto irónica sobre as alcunhas pelas quais são conhecidos alguns dos nomes mais famosos, devidamente catalogadas. Ficamos a saber, por exemplo, que Herman Blount era Sun Ra, que Ben Webster era Frog, que Coleman Hawkins era Bean, que Julian Adderley era Cannonball, que Milt Jackson era Bags, entre muitos, muitos outros.

Fonte: Jornal de Notícias

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sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Diana Krall faz apresentação gratuita em São Paulo

06/11/2007

da Folha Online

A cantora e pianista canadense Diana Krall fará uma apresentação gratuita no Parque Villa Lobos no dia 2 de dezembro em São Paulo.

Um dos lançamentos mais recentes de Krall é o álbum "From This Moment On" (2006). O trabalho, segundo ela, reflete sua felicidade.

Ela é casada com o músico britânico Elvis Costello e é mãe de gêmeos.

A cantora fez muito sucesso nos anos 1990. Seu álbum "All for You" (1995) é um dos mais elogiados e lhe rendeu uma indicação ao Grammy na categoria melhor performance vocal jazz.

A performance de Krall ocorrerá durante a primeira edição do Telefônica Open Jazz, que tem como um dos assessores Zuza Homem de Mello.

Telefônica Open Jazz
Quando: 2/12, após 10h
Onde: Parque Villa Lobos (av. Professor Fonseca Rodrigues, 1655, Alto de Pinheiros, tel. 0/xx/11/3023-0316)
Quanto: grátis

Fonte: Folha Online

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Free jazz e hard bop memoráveis

Luiz Orlando Carneiro

No embalo do Tim Festival, a EMI do Brasil lançou o novo CD do excelente saxofonista italiano Stefano Di Battista, Trouble shootin' (de abril deste ano). E também a reedição (remasterizada por Rudy Van Gelder) de Conquistador, um dos mais marcantes álbuns do pianista-compositor (ou compositor-pianista) Cecil Taylor, gravado para a Blue Note em 1966, quando o free jazz ainda era efervescente novidade. No festival, realizado no Rio e em São Paulo, há 12 dias, Di Battista teve merecido sucesso de público e de crítica à frente de seu incandescente quarteto hard bop, com Baptiste Trotignon (Hammond B-3), Fabrizio Bosso (trompete) e Greg Hutchinson (bateria).

Já o lendário Cecil Taylor, 74 anos, ignorou a audiência e tocou para si mesmo uma série daquelas ruminações politonais, policromáticas e polirrítimicas de que já se cansaram até os minoritários apóstolos do estilo que Ornette Coleman celebrizou, em 1960, no LP Free Jazz, e John Coltrane glorificou, cinco anos depois, em Ascension.

O CD novinho em folha de Di Battista contém algumas de suas composições que foram interpretadas com paixão e eloqüência no Tim Festival. Tanto pelo líder como por Trotignon e Bosso - um guardião da chama acesa por Lee Morgan e alimentada por Woody Shaw. Mas as versões em disco de Under her spell (4m56) e de Alexander Platz blues (3m58), por exemplo, não têm a combustão e a espontaneidade que marcaram a noite européia do festival. O mesmo pode-se dizer das versões de The Jody grind (Horace Silver) e This here (Bobby Timmons), temas básicos da soul food do hard bop da década de 60.

Contudo, The serpent's charm (8m04), uma cativante melodia desenvolvida no CD com a flauta de Nicola Stilo no lugar de Bosso, e Essaouira (5m57), uma peça de sabor balcânico, em 6/8, com o quarteto básico (o baterista é Eric Harland, e não Hutchinson), valem a aquisição do álbum de 11 faixas.

Conquistador (juntamente com Unit structures, também de 1966) é um registro fundamental para os antenados na free thing daquela época. Cecil Taylor é muito mais interessante bem acompanhado, em improvisação coletiva, do que solitário. E seus parceiros nessa reedição - que reúne, além da faixa-título (17m51), duas versões de With(Exit), de 19m17 e 17m21, respectivamente - são os vanguardistas pioneiros Jimmy Lyons (sax alto), Bill Dixon (trompete), Henry Grimes, Alan Silva (baixos), e Andrew Cyrille (bateria).

O segundo take de With (Exit) - até então inédito - é um momento especial do free jazz, safra 1966. Cecil, em permanente transe, é o epicentro do tsunami musical (não indicado para corações e mentes sentimentais) no qual surfam os extraordinários Lyons, Dixon, os baixistas Silva (no arco) e Grimes (em pizzicato).

Como escreveu Bob Blumenthal nas notas do CD, a alternate take de With (Exit) demonstra como esse happening musical ainda é desafiador e mágico, 40 anos depois de documentado.

Fonte: JB Online

Caetano leva Grammy de melhor cantor-compositor latino

da France Presse, em Las Vegas

Caetano Veloso conquistou o prêmio de melhor cantor-compositor na disputa dos Grammy Latinos, durante a cerimônia realizada nesta quinta-feira, em Las Vegas (oeste dos Estados Unidos).

O compositor baiano levou o prêmio por "Cê", na disputa com outros artistas latinos, e somou outro Grammy à sua carreira com o troféu de Melhor Canção Brasileira por "Não me arrependo", em uma categoria reservada apenas a artistas brasileiros.

Como Cantor-Compositor, Caetano derrotou o uruguaio Jorge Drexler, os cubanos Silvio Rodrígiez e Amaury Gutiérrez, e o espanhol José Luis Perales.

A também baiana Daniela Mercury levou o Grammy de "Melhor Álbum de Música Regional ou de Raízes Brasileiras", com "Balé Mulato Ao Vivo".

Daniela venceu a disputa com "Conterrâneos", de Dominguinhos, "Brasileira - Ao Vivo", de Margareth Menezes, "Tributo A Goiás", de Sérgio Reis, e "Trilhas", de Naná Vasconcelos

"A particularidade deste prêmio é que chega exatamente 15 anos depois do disco que me deu fama internacional e me colocou na grande cena musical brasileira", afirmou Daniela, ao ganhar seu gramofone dourado.

Lenine e seu "Acústico MTV" levaram o prêmio de Melhor Álbum Pop Contemporâneo.

Os outros vencedores brasileiros foram Aline Barros, como Melhor Álbum Cristão; Lobão, como Melhor Álbum de Rock, também por um "Acústico MTV"; Zeca Pagodinho, como Melhor Álbum Samba/Pagode; Leny Andrade e César Camargo Mariano, como Melhor Álbum de Música Popular Brasileira e, por último, Cauby Peixoto, como Melhor Álbum de Música Romântica.

Os oito Grammys foram entregues na primeira fase da 8ª edição do Grammy Latino, onde foram premiadas 34 de 49 categorias, pelas quais concorrem 500 candidatos de toda a América Latina e Espanha, no centro de eventos do Mandalay Bay Hotel-Cassino, de Las Vegas.

Fonte: Folha Online

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Crianças tomam primeiro contacto com jazz

Dar a conhecer aos mais novos a origem e as particularidades deste género musical é o objectivo da iniciativa “O jazz vai à escola”

Daniel Sousa e Silva
“Como é que nasceu o jazz” perguntou uma das cerca de três dezenas de crianças que participaram na iniciativa “O jazz vai à escola”, na Casa da Moagem, no Fundão, na última sexta-feira de manhã. A resposta veio por intermédio de Rodrigo Amado, um dos criadores da acção didáctica que esteve pela primeira vez no distrito de Castelo Branco. “O jazz apareceu nos Estados Unidos da América, através de uma mistura de culturas musicais, nomeadamente entre a africana e a utilização de instrumentos europeus”.
As crianças estavam mais interessadas em questões de pormenor. Perguntou outra: “Porque é que o senhor da guitarra [baixista] também usa os pés de vez em quando?”. Sempre paciente, Rodrigo Amado explicou que serve para “alterar o som do instrumento”, aproveitando para estabelecer uma ligação entre o baixo e a bateria, o seu instrumento. “A bateria serve para marcar o ritmo, mas não tem notas”, dizia, enquanto tocava um pouco. Rodrigo Amado pede ao colega para tocar também baixo para elucidar: “Este outro instrumento tem o objectivo de marcar o ritmos das músicas, só que tem a vantagem de também ter notas”.
Pelo meio das explicações, decorreram intervalos para ouvir aquilo que Rodrigo Amado chama de “clássicos” do jazz. “Todos os músicos de jazz conhecem estas músicas ou, pelos menos, deviam conhecer”, diz. As crianças riem-se.

JAZZ “É SEMPRE DIFERENTE”
Em tom mais sério, Rodrigo Amado explica que o objectivo da iniciativa “é dar a conhecer um estilo de música novo para muitas crianças. É algo tão simples quanto isso. Há tanta música que passa, por exemplo, na televisão, que é sempre igual e com pouca qualidade. O jazz é sempre diferente”, reitera.
Criado em 2002 por Pedro Costa (produtor musical na área do jazz, crítico, editor) e Rodrigo Amado (músico de jazz e crítico no jornal Público), o programa “O Jazz vai à Escola” passou já por diversos estabelecimentos de ensino do País. A acção didáctica antecedeu o concerto de sexta-feira à noite do Sexteto de Mário Barreiros, evento integrado no festival itinerante Portugal Jazz.

Fonte: Diário XXI



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segunda-feira, 5 de novembro de 2007