quinta-feira, 26 de junho de 2008

Um meteoro chamado Clifford Brown

Clifford Brown e Max Roach

Por JazzMan!

Clifford Brown é um dos nomes do trompete mais importantes da história do jazz, ao lado de Louis Armstrong, Dizzy Gillespie e Miles Davis. Mesmo tendo morrido muito jovem, aos 25 anos e com apenas quatro anos de obra gravada, Brown entrou para a história por seu estilo original e técnica versátil, sendo o músico da segunda geração do bop que melhor assimilou as lições de Dizzy Gillespie, Fats Navarro e Miles Davis.

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O contato com a música começou ainda na adolescência, aos 13 anos, quando ganhou um trompete de presente do pai por ter passado de ano na escola. Logo começou a tocar na banda do colégio e a se apresentar em pequenos espetáculos em Wilmington, sua cidade natal. Aos 18 anos mudou-se para Filadélfia, onde posteriormente tocou com verdadeiros gênios como Charlie Parker, Dizzy Gillespie, Kenny Dorham, J. J. Johnson e Fats Navarro, um dos seus grandes mestres e incentivador. (Foto: J.J. Johnson, Clifford. Rehearsal for J.J. Johnson Sextet session 6-53.)

Um ano mais tarde, ingressou na Universidade Estadual de Maryland, onde começou a estudar música e matemática. A Universidade contava com um bom departamento de música e uma banda de 16 elementos, onde pôde desenvolver seu estilo e aprender sobre execução e arranjos musicais. Em junho de 1950, Brown teve que abandonar a faculdade após um acidente automobilístico que o manteve hospitalizado por mais de um ano. Esse foi o primeiro de três acidentes automobilísticos, o último dos quais foi fatal.

Durante os anos de 1950 e 1951, o músico estava debilitado, deprimido e inseguro quanto ao futuro de sua carreira, tendo poucas oportunidades de praticar. Este foi um período muito triste de sua vida, e as palavras e o incentivo de Dizzy Gillespie foram primordiais para que Brown voltasse a tocar.

Em 1952, foi dado início à carreira profissional, com o registro de The Beginning and the End na companhia de Chris Powell (irmão de Bud). Em setembro de 1953 viajou para a França como integrante da big band de Lionel Hampton. Permaneceu lá por dois meses, tendo gravado Clifford Brown Quartet in Paris na companhia de Gigi Gryce e dos músicos franceses Henri Renaud (piano) e Pierre Michelot (baixo). As faixas gravadas na França mostravam um jovem com puro lirismo e equilíbrio, o que lhe rendeu reconhecimento. No mesmo ano grava com Dinah Washington, Art Farmer, Dizzy Gillespie, Sarah Vaughan e J. J. Johnson. (Foto: From the cover of "The Clifford Brown Quartet in Paris" )

O ano de 1954 foi de projeção e glórias na carreira. Após uma rápida passagem pelo Jazz Messengers de Art Blakey, Brown acabou chamando a atenção do baterista Max Roach, formando o lendário Clifford Brown-Max Roach Quintet, que duraria até o final de sua vida. Esse quinteto era formado por Harold Land (sax tenor), Richie Powell (piano) e George Morrow (baixo), e teve uma participação primordial no revigoramento do estilo bop. No mesmo ano, recebeu o prêmio de músico revelação (New Star Award) dos críticos da revista Down Beat. No Natal de 54 gravou com a cantora Helen Merrill uma das obras mais reverenciadas da história do jazz: Helen Merrill with Clifford Brown. (Foto: Clifford Brown/Max Roach Quintet at Basin St.)

Em 1955, o saxofonista Sonny Rollins entrou para o grupo de Brown em substituição a Harold Land, fazendo com que o quinteto alcançasse um nível ainda mais excepcional. Nessa época, Rollins já era visto como um dos maiores sax tenor de sua geração. Sua participação está registrada no álbum At Basin Street, gravado entre janeiro e fevereiro de 1956, sendo este o último álbum do Clifford Brown/Max Roach Quintet. (Foto: Clifford and Sonny Rollins. Clifford Brown/Max Roach Quintet at Basin St.)

Em 26 de junho de 1956, Brown morreu em um desastre de automóvel, em companhia do pianista Richie Powell e da mulher de Powell (que dirigia o veículo), quando viajavam de Filadélfia a Chicago para uma apresentação do quinteto. Clifford Brown foi um verdadeiro meteoro, com impacto profundo para a história do jazz e influência direta em trompetistas como Donald Byrd, Lee Morgan, Booker Little, Freddie Hubbard, Valery Ponomarev, e Wynton Marsalis, sendo reconhecido por todos como um verdadeiro ponto de qualidade e inovação jazzística. Apesar da morte prematura e do pouco tempo de carreira profissional, sua obra ainda gera admiração e comoção em milhares de fãs pelo mundo. São diversas as gravações de tributos dedicados a sua obra, além de um festival e uma fundação que leva o seu nome (DuPont Clifford Brown Jazz Fest e Clifford Brown Jazz Foundation) e novos artistas que fazem questão de ratificar a influência de Brown em suas carreiras.

Durante essa semana o blog vai disponibilizar alguns dos mais importantes discos da carreira meteórica de Clifford Brown.



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quarta-feira, 25 de junho de 2008

Duo Levy-Levi no CCJF - RJ



O Duo Levy-Levi, formado por Deborah Levy (piano e teclados) e Levi Chaves (sax, flauta, clarineta) apresenta no show “O eterno e o novo” releituras de obras dos grandes mestres da música brasileira, como Moacir Santos, Radamés Gnattali, Tom Jobim, Villa-Lobos, entre outros, como também composições próprias originais, num show dinâmico, com sotaque essencialmente brasileiro.

O Duo se apresentará no Centro Cultural da Justiça Federal (CCJF), no dia 03 de julho em duas sessões: às 12:30 e às 18:30h. O CCJF fica na Av. Rio Branco 241, térreo, Cinelândia.

Deborah Levy é pianista, tecladista e compositora. Bacharel em MPB-arranjo, pela UNIRIO, e tecladista da banda Celebrare desde 1994. Atuou como tecladista em vários segmentos da música popular e do teatro musical: ao lado de Caíque Ferreira, Amir Haddad, Roney Villela, Diogo Villela, entre outros. Foi integrante da equipe que fez a digitalização do acervo de música da Biblioteca Nacional e pianista do Quinteto Linha 176, grupo de jazz lançado em 1994, onde já apresentava composições próprias.

Levi Chaves é multiinstrumentista de sopros desde a tenra infância, o que fez dele um músico de grande versatilidade, sendo requisitado tanto no segmento popular quanto erudito. Tem sua participação em grupos como Farofa Carioca, Banda Vitória Régia, Onze Cabeças, Orquestra Tabajara, Mestre Antônio Adolfo, entre outros. No Teatro musical, em grandes produções, ao lado de nomes como: Bibi Ferreira, Marília Pêra, Diogo Villela, Cláudio Botelho e Charles Möeller, entre outros. Atua como músico convidado de grandes orquestras como OSB, Orquestra Petrobrás Sinfônica e OSN, ao lado dos grandes maestros como Isaac Karabitchevsky, Henrique Morelembaum, entre outros. Atualmente, é também clarinetista do musical “A noviça rebelde” e do Sexteto Brasileiro de Jazz 193, da Banda do Corpo de Bombeiros.

O Duo Levy-Levi, além de ser uma dupla de músicos, é também um casal na vida real com todas as suas coincidências, a começar pelo nome. Na história antiga, o nome Levi significa juntar, unir, e a tribo dos levitas eram responsáveis pelo louvor através da música.

O Duo se apresentará acompanhado de Emerson Mardhine no baixo e Tonho Costa na bateria, e conta ainda com a Direção Geral de Ricardo Pavão, Sonorização de José Anselmo “Paulista”, e Iluminação de Aurélio de Simoni.

Repertório do show:
1 - Duo - Deborah Levy - Lua e Sol as cinco e meia - tenor
2 - Duo - Deborah Levy - Um choro para Clara - clarineta
3 - Duo - Deborah Levy - Chorando com Nazareth e Mariano - clarineta
4 - Duo - Moacir Santos - Nanã - alto
5 - Trio - Radamés Gnattali - Valsa Triste - alto
6 - Quarteto - Villa-lobos - Melodia sentimental - soprano
7 - Quarteto - Deborah Levy - Maracatú do Rio - soprano
8 - Quarteto - Hermeto Paschoal - Bebê - flauta
9 - Quarteto - Tom Jobim - Pato Preto - flauta
10 - Quarteto - Levi Chaves - Misterioso
11- Trio - Deborah Levy - Samba lá de Minas - tenor
12 - Quarteto - Medley Noel Rosa - clarineta
13 - Quarteto - Ary Barroso - Na Baixa do Sapateiro - soprano

http://www.myspace.com/duolevylevi

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terça-feira, 24 de junho de 2008

Podcast Farofa Moderna no Blog Jazzman!

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Queridos colegas e apreciadores do Blog Jazzman! Desde janeiro desse ano de 2008 venho com essa prática que já pode ser considerada, de certo modo, uma febre na internet, ou seja, falo do Podcast, uma espécie de programa de rádio caseiro que pode ser baixado e ouvido a qualquer momento. O primeiro programa que eu editei foi em caráter experimental e fala das várias facetas de Wynton Marsalis, um músico o qual é considerado o principal jazzista do final do século XX: aquele que foi responsável pelo Renascimento do Jazz a partir do inicio dos anos 80. Pois bem: acabei seguindo com outros programas sobre a relação do jazz com a música erudita do século XX, os maiores saxofonistas da atualidade, as novas bandas e músicos de nossa Música Instrumental Brasileira, o Blues, as grandes vozes da MPB, os maiores pianistas do Jazz atual e, agora mais recentemente, estou pra encerrar a série sobre A música de Wynton Marsalis e começar outras séries como Os Maiores Combos do Jazz que é o tema do mais recente programa. Enfim quero dizer que pra quem tem dificuldades de ouvir um bom programa de rádio com programas comentados sobre jazz e música instrumental eis aqui uma modesta proposta: o Podcast Farofa Moderna.

Programas:

• O Jazz do Século XXI
• Os Maiores Combos do Jazz
• O Free Jazz de 1958 a 1970
• Blues: do Delta ao Blues-Rock
• Entre o Jazz e a Música Erudita
• Grandes Pianistas do Século XXI
• Novas Bandas e Músicos do Brasil
• Wynton Marsalis: as várias facetas
• Vozes da Música Popular Brasileira
• Saxofonistas do Jazz Contemporâneo
• Wynton Marsalis: influências do Gospel
• Wynton Marsalis: arranjos vanguardistas
• Wynton Marsalis: recriando o New Orleans
• Brazilian Jazz, Choro, Bossa Nova e outros

Espero receber e-mails dos amigos do Blog Jazzman com críticas, comentários e sujestões como eu recebo dos freqüentadores do Blog Farofa Moderna. A minha intenção, sobretudo, é mostrar as diferentes sonoridades que permeiam o Jazz, a Word Music e a MPB englobando desde o velho e tradicional até o moderno e a vanguarda, pois considero que a boa música supera a rotulagem: quem gosta de boa música não tem tempo pra ficar criticando esse ou aquele músico sob o engodo dos rótulos ou de tendências mercadológicas e até mesmo sob supostas tendências artísticas. Quem gosta de Jazz gosta de Jazz, ou seja, tem de não só entender que o Jazz começou com o canto e batucada dos negros americanos no século 19 e, hoje, caminha para formas diversas de improvisos, mas tem de ser convincente e apreciador tanto do novo quanto do velho: isso se o tal apreciador quiser ter uma opinião completa, onde a maior coerência dessa completude é o respeito que une o velho e o novo como uma ponte que sempre sairá da tradição e aportará no moderno, independente do tempo em que estivermos: hoje ou amanhã! Enfim, agora os apreciadores do Blog Jazzman poderá ouvir alguns programas aqui mesmo no blog: o player está do lado direito abaixo dos Podcasts Jazzman e Ziriguidum ! Os programas são de no máximo 68 minutos. Se quiserem ouvir os outros programas de maior duração e que não estão inclusos neste player é só acessar meu blog onde as programações estão no lado esquerdo e em forma de postagens. Clique nos links abaixo para acessar toda a programação:


Blog Farofa Moderna

Podcast Farofa Moderna


Obrigado Léo! Obrigado a todos os amigos do Blog Jazzman!

New York Ska-Jazz Ensemble no Brasil



O nome da banda New York Ska Jazz Ensemble traduz exatamente o que é o grupo: músicos de Nova Iorque, que inovam buscando juntar elementos do Ska com o Jazz. Com influências que variam de Jimmy Cliff a Miles Davis, o grupo consegue agradar aos mais diversos públicos com um estilo conhecido como "Third Wave Ska Revival", que surgiu no final dos anos 80, nos EUA, característico por misturar Punk e Ska.

O grupo vem ganhando prestígio no mundo inteiro, tocando nos principais festivais de Jazz da Europa e EUA. No Brasil, o grupo irá se apresentar pela primeira vez, com shows em São Paulo, Curitiba, Brasília e Rio de Janeiro.

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QUINTA - 26 / 06 / 2008 - 20h00 - Curitiba
New York Ska-Jazz Ensemble : Abertura: Big Time Orchestra
Local: Era Só O Que Faltava
Endereço: Av. República Argentina, 1334 - (41) 3342-0826
Bairro: Água Verde
Estado: PR
Ingressos a partir de $ 25

SEXTA - 27 / 06 / 2008 - 22h00 - São Paulo
New York Ska-Jazz Ensemble : Abertura: King Rassan Orchestra
Local: Inferno Club
Endereço: Rua Augusta, 501 - (11) 3120-4140
Bairro: Consolação
Estado: SP
Ingressos a partir de $ 40

DOMINGO - 29 / 06 / 2008 - 18h00 - Rio de Janeiro
New York Ska-Jazz Ensemble (participação BNegão) :Abertura: Coquetel Acapulco e Djangos
Participações Especiais : Laos e Juca/Bangarang SS e MPC/Digitaldubs
Local: Teatro Odisséia
Endereço: Av. Mem de Sá, 66 - (21) 2266-1014
Bairro: Lapa
Estado: RJ
Ingressos: R$ 25 (100 primeiros), R$ 30 (101-200) e R$ 35 (201 em diante)

SEGUNDA - 30 / 06 / 2008 - 21h00 - Brasília
New York Ska-Jazz Ensemble : DJ: Senhor F
Local: Criolina
Endereço: Bar do Calaf - Setor Bancário Sul - Ed. Empire Center - Térreo
Bairro: Asa Sul
Estado: DF
Ingressos a partir de $ 20

Realização
Radiola info@radiolarecords.com.br
Imprensa
Bruno Lancellotti bruno@radiolarecords.com.br

Site Oficial: http://www.myspace.com/nysje

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sábado, 21 de junho de 2008

História e introdução ao Jazz (parte 7)

Storyville

Bom, já faz um bom tempo desde a ultima vez (agente as vezes não consegue controlar os próprios compromissos...), mas na minha última postagem falei sobre New Orleans, a primeira cidade chave na fusão e evolução do gênero ao qual nos debruçamos hoje. Lá foi aprovada uma lei em 1896 que restringia a prostituição a uma área de 38 quarteirões, essa região ficaria conhecida como Storyville.

No começo do século XX Storyville era o bairro boêmio, onde os elementos da cultura local se misturavam e todos se cruzavam, sem distinções de classes. Toda essa concentração de bordeis, saloons, cabarés e casas de jogos atraiu todos os tipos de músicos, desde pianistas de Ragtime, passando por trios de cordas, até as bandas de metais. Era uma zona com criminalidade elevada e o álcool e as drogas "corriam" soltas. Segundo Armstrong, "a escala de valores em Storyville era diferente do que a da boa sociedade branca; Nada tinha de desonroso ser preso".



Storyville foi o principal "laboratório" de criação do estilo que ficou conhecido como Jazz New Orleans. O estilo de Jazz New Orleans se caracteriza por três linhas melódicas que se contraponteiam, executadas por uma corneta (ou trompete), um trombone e uma clarineta. O instrumento líder é a corneta (ou trompete), o trombone orienta o seu contraponto, e a clarineta, ornamenta o toque de ambos com uma ágil condução melódica, os três são apoiados por uma base rítmica, formada pelo contrabaixo ou tuba, as percusões (mais adiante suplantadas pela bateria) e o banjo ou guitarra. Como as primeiras bandas de New Orleans surgiram das bandas de desfile, muito raramente usavam o piano.

No que diz respeito à harmonia, o Jazz New Orleans é geralmente mais simples do que as progressões de ragtime; raramente se usam acordes muito complexos, havia pouca modulação, além do desuso de tons com muitos bemóis e sustenidos. Chama-se de seção ritmica de uma banda ou orquestra a bateria (ou percussões), o piano, o contrabaixo (que substituiu a tuba) e a guitarra (que substituiu o banjo). A música de New Orleans era conhecida como hot (quente), pela sua característica de sonoridade.

Nesta fase New Orleans foi a capital do jazz e sua importância se estendeu até os anos 20. Infelizmente o período criativo deste estilo não viveu a época das gravações. Ele se tornou popular, num sentido mais amplo graças a gravações feitas na década de vinte. E também teve uma fase revivalista nos anos quarenta.

Filme sugerido para melhor compreendimento: New Orleans

Creio que apartir de agora terei um pouco mais de tempo pra retomar a coluna. Pra a próxima postagem já está selecionado o tema "Migração para o Norte" onde falarei do papel de Chicago, os aspectos que proporcionaram o ambiente para que o Jazz se multiplicasse, ganhasse novos adeptos, fãs e criasse força para ganhar todos os USA e depois o mundo.

Então até lá!

tiagotoxa@ig.com.br e Tiago Toxa também no Orkut!

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