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segunda-feira, 26 de maio de 2008

Rio das Ostras Jazz & Blues Festival 2008


Taryn Szpilman, cantora. Foto: Cezar Fernandes

Terceiro dia

Depois do mega show da noite anterior, em Costa Azul, Will Calhoun's Native Land Experience abriu o terceiro dia de apresentações, fazendo um show energizante na Lagoa do Iriry. Ricardo Vital, novo colaborador do blog JazzMan! e repórter da revista Guitar Player, comentou o sobre o show da Lagoa: “Um show empolgante que fez vibrar o público presente na concha acústica à beira-mar, com muito improviso e um clima pra lá de bem humorado entre os músicos, que esbanjavam disposição e riam muito, entre si e com o público, demonstrando a satisfação de se fazer o que gosta e ser reconhecido por isto. O baixista Mark Kelley é um show à parte, com uma abordagem guitarrística cheia de solos, riffs e esbanjando técnica, além de uma postura de palco marcante e agitada, não muito usual entre contra-baixistas. Os carismáticos e engraçadíssimos músicos dos sopros (Corey Wilkes – trompete – e Marcus Strickland - sax) também caíram nas graças da platéia.”

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Na Praia da Tartaruga, a banda de Nova Orleans, Bonerama, botou o público pra dançar com os seus 4 trombones em timbres diferentes. O show foi uma verdadeira viagem na música da capital da Louisiana, com muito soul e funk da melhor qualidade. Mark Mullins, um dos trombonistas do grupo, deixou o público de boca aberta quando eletrificou o som do seu instrumento, fazendo sons de guitarra. Inesquecível.

Mais tarde, em Costa Azul, Taryn Szpilman abriu a noite com uma performance que marcou o festival. Com um repertório de Blues que transitava entre a época de Billie Holiday a Jimi Hendrix, Taryn impressionou o público com sua forma verdadeira de cantar. Nos bastidores, perguntei a cantora sobre a receptividade do público e sobre sua profissão. “A resposta do público tem sido ótima. Estou vivendo um grande momento na minha carreira. É muito bom fazer aquilo que você gosta”, comentou a cantora. A noite ainda teve o guitarrista Russel Malone, The Godfathers of Groove com Léo Gandelman e, pra encerrar a noite, a lenda John Mayall e The Bluesbreakers.

Shows da noite:

Taryn Szpilman

Com as participações especiais do gaitista Jefferson Gonçalves e do guitarrista Big Joe Manfra, Taryn Szpilman cantou o repertório de seu segundo cd, Bluejazz, fazendo uma verdadeira viagem na história do blues. Com muita sensualidade e ótima interpretação, a cantora recebeu logo nas primeiras faixas calorosos aplausos de uma platéia impressionada com seu poder vocal.

Russel Malone

Quem esteve presente na Costa Azul teve a oportunidade de apreciar Russel Malone, um dos maiores guitarristas da atualidade. Ele começou o show com solos suaves, dentro de um ambiente que lembrava baladas cool e de smooth jazz. Depois impressionou com seu característico swing, com solos complexos e variadas técnicas de improviso, mostrando porque é considerado um dos melhores do mundo. O guitarrista se mostrou versátil, tocando diversos estilos musicais, como rock, blues e bossa nova, para delírio da platéia, que pediu bis. Na última música, Malone fez um passeio nas raízes da música americana, finalizando uma das melhores apresentações do festival.

The Godfathers of Groove c/ Léo Gandelman

Na terceira apresentação da noite, o Soul-Jazz e o Jazz-Funk do The Godfathers of Groove ganhou um tempero brasileiro com o sax de Léo Gandelman. Foi um show energizante, onde a platéia pulou o tempo todo, com muito groove e a sonoridade diferente que o show trouxe para o festival. Destaque para Léo Gandelman, que foi tocar sax junto da platéia, deixando todos eufóricos com a surpresa. No final, com a platéia já extasiada, Gandelman mandou a mensagem para o público: “A música é um prazer espiritual, corporal, total. Viva a música”.

John Mayall & The Bluesbreakers

A atração mais esperada do festival não decepcionou os milhares de fãs que esperavam ansiosamente por sua apresentação. Logo nas primeiras horas da noite, o público se deparou com uma agradável surpresa: uma banca montada pelo próprio Mayall, onde o artista, acompanhado de um segurança, vendia os seus próprios cds e recebia os fãs para assinar autógrafos e posar para fotografias. Aos 73 anos, Mayall fez um passeio no repertório que fez dele uma das maiores lendas vivas da história do blues. Apesar de alguns problemas técnicos, nada abalou a performance do blueseiro, que ao lado de sua banda mostrou estar em plena forma.



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sexta-feira, 23 de maio de 2008

Rio das Ostras Jazz & Blues Festival 2008


Regina Carter, violinista. Foto: Cezar Fernandes


Segundo dia

No feriado de Corpus Christi, segundo dia de festival, começaram os shows nos palcos alternativos da Lagoa do Iriry e Praia da Tartaruga. Num clima de muita descontração e alegria, diante de cenários e paisagens de extrema beleza, o público prestigiou as performances do guitarrista Russel Malone (Iriry) e da cantora Taryn Szpilman (Tartaruga).

A estrutura dos palcos alternativos foi muito elogiada pelo púbico presente que, além de curtir shows de primeiríssima qualidade, ainda pôde conversar e tirar fotografias com os artistas ao final das apresentações. O espectador Alex Knupp comentou sobre a qualidade do evento: “Estou hiper-feliz. Muita música boa. A gente prestigia muito a estrutura. A qualidade do som estava fantástica, todo mundo elogiou. Quando a Orquestra Kuarup tocou, parecia que estávamos dentro do teatro”.

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Mais tarde, já na cidade do Jazz & Blues, em Costa Azul, show de Regina Carter. A primeira atração da noite foi a mais aclamada pelo público por sua surpreendente performance, marcada pela transição entre a música clássica e de vanguarda. A noite ainda contou com a bossa e o jazz de Delicatessen, o blues dos Blues Etílicos e, finalizando a noite, Will Calhoun surpreendeu com sua música celebral e imprevisível, cheia de experimentos inusitados.

Shows da noite de ontem:

Regina Carter

A violinista Regina Carter, um dos nomes mais importantes do atual cenário jazzístico mundial, hipnotizou a platéia com sua atuação virtuosa. Tocando o repertório do seu último cd, I'll Be Seeing You: A Sentimental Journey, de 2006, a violinista transitava facilmente entre o Mainstream, Post-Bop e Free Jazz. Com calorosos aplausos, o público interagia com a performance da violinista, surpreendido com sua capacidade de improvisar músicas brasileiras em seu repertório, como Tico-Tico no Fubá (Zequinha de Abreu). Regina finalizou o show com dois clássicos: Winter Wonderland (Felix Bernard) e Georgia on My Mind (Stuart Gorrell e Hoagy Carmichael). Vai deixar muitas saudades no povo de Rio das Ostras.

Delicatessen

Ana Kruger, em sua apresentação intimista, trouxe para o festival Rio das Ostras Jazz e Blues o estilo cool das cantoras de jazz dos anos 50, acompanhada pela sonoridade da bossa nova muito bem executada por um seleto grupo de instrumentistas. Formada por músicos do sul do país, Delicatessen resgatou em notas dissonantes a leveza musical em uma fusão muito elaborada dentro de seu repertório. A segunda apresentação da noite no palco Costa Azul foi marcada pelo refinamento e o saudosismo da época do jazz nos rádios.

Blues Etílicos

Misturando blues e rock, Blues Etílicos mostrou o repertório que fez deles um dos grupos mais importantes de blues do país. O público participou ativamente do show, impressionado com a técnica e a originalidade do grupo. Além do blues, o show incluiu vinhetas de ritmos brasileiros, como baião e capoeira, nas suas baladas norte-americanas.

Will Calhoun's Native Land Experience

Will Calhoun, lendário baterista do Living Colour, era uma das atrações mais esperadas do festival. O músico não deixou a desejar, mostrando um repertório baseado no seu último cd, Native Lands. A atmosfera celebral e energética, cheia de experimentos inusitados, surpreendeu o público. Passeando entre o post-bop, funk e rock, o baterista inovou em um show colorido e imprevisível.

http://www.riodasostrasjazzeblues.com/pt/index.php

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quinta-feira, 22 de maio de 2008

Rio das Ostras Jazz & Blues Festival 2008


Mauro Senise, saxofonista. Foto: Cezar Fernandes

Primeiro dia

Ontem, teve início a 6ª edição do Rio das Ostras Jazz & Blues Festival. Numa noite de clima agradável, o público compareceu em cheio para prestigiar os artistas que se apresentaram no primeiro dia de Festival.

Um fator que chamou a atenção e satisfez a todos os presentes, foi a organização e seriedade dos envolvidos na produção do evento. Para o visitante, o festival conta com diversas opções de alimentação, lojas, sala de exposição, além de uma brigada de incêndio e toda infra-estrutura médica pronta para atuar em caso de alguma emergência.

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Os artistas elogiaram muito a estrutura do festival. “É um prazer tocar aqui em Rio das Ostras, num dos maiores festivais de Jazz & Blues do mundo”, disse Robson Fernandes, durante a sua apresentação na noite de ontem. Para o flautista e Saxofonista Mauro Senise, a produção do evento está de parabéns. “As condições de iluminação e som são perfeitas”, afirmou Mauro Senise, segunda atração da noite. Sem dúvida, o festival de Rio das Ostras é um exemplo para o país, por sua organização e respeito às pessoas envolvidas, seja artista ou espectador. A marca do subdesenvolvimento passa longe daqui, mostrando que é possível fazer um evento de graça, democrático, sem que haja atrasos ou falhas no som. As pessoas envolvidas na organização (imprensa, patrocinadores, técnicos...) sabem da responsabilidade de fazer deste festival, uma referência. Walter Isaac, da V&M Siderurgia (patrocinador do evento), falou da oportunidade de levar a sua empresa ao festival: “É muito importante patrocinar um evento como o de Rio das Ostras. Incentivo à cultura faz parte da política da empresa, além de ser uma oportunidade de mostrar e aproximar o público da nossa marca”.

Hoje, começam os shows na Lagoa do Iriry e Praia da Tartaruga, com shows de Russel Malone (Iriry) e da cantora Taryn (Tartaruga). Na cidade do Jazz & Blues, em Costa Azul, terá Delicatessen, Regina Carter, Blues Etílicos, Will Calhoun's Native Land Experience.

Shows da noite de ontem:

Orquestra Kuarup

A Orquestra Kuarup de Rio das Ostras, regida pelo maestro Nando Carneiro, fez o show de abertura do festival. A Orquestra é uma iniciativa da Fundação Rio das Ostras de Cultura, que ensina música para crianças e adolescentes da região. Apesar da pouca idade da maioria dos componentes, a orquestra fez um show com muita maturidade e autoridade, fazendo uma linda homenagem aos 50 anos da bossa nova. O baterista Átila Roger, de apenas 15 anos, comentou a responsabilidade de dividir o mesmo espaço com grandes estrelas da música: “É uma grande oportunidade de crescimento dividir o espaço com grandes nomes da música, um grande incentivo para a minha carreira". O show ainda contou com as participações de David Ganc e Mário Séve, nos saxes e flautas, para delírio da platéia que estava chegando para curtir o festival.

Plataforma C

O grupo Plataforma C é formado por alguns integrantes da V&M Siderurgia (patrocinador do evento). No Repertório, o grupo se mostrou versátil, tocando clássicos do Cool ao Hard Bop, como Take Five (Dave Brubeck), Cantaloupe Island (Herbie Hancock), além de sandards americanos, como Summertime (Gershwin). O grupo surpreendeu a platéia com a excelente performance de Trem Caipira (Heitor Villa-Lobos), emocionando o público do festival.

Mauro Senise

O flautista e saxofonista Mauro Senise era uma das atrações mais esperadas da noite. Com o repertório do seu último trabalho, Casa Forte, Mauro encantou o público tocando o repertório de Edu Lobo, além de clássicos do saxofonista Phil Woods e do pianista Thelonious Monk. Com todo seu lirismo, seriedade e sentimento, Senise provou porque há 37 anos é um dos nomes mais importantes da nossa música instrumental.

Robson Fernandes

O novo colaborador do blog e repórter da revista Guitar Player, Ricardo Vital, comentou o último show:

A noite fechou com chave de ouro, numa das performances mais vigorosas, com visível empolgação do público presente, que abandonou a formalidade das cadeiras e se levantou e dançou, ao som de blues enérgicos numa apresentação eletrizante.

Até amanhã.

http://www.riodasostrasjazzeblues.com/pt/index.php

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terça-feira, 20 de maio de 2008

Rio das Ostras Jazz & Blues Festival 2008

O Blog JazzMan! marca presença nessa grande festa



Hoje, terá início a tão esperada edição do Rio das Ostras Jazz & Blues Festival 2008. Eu e a colaboradora Renata Carvalho estamos credenciados para levar até vocês todas as informações dos shows e bastidores do festival. Serão 5 dias de muito sol, praia e música de qualidade, com a seleção dos melhores instrumentistas e intérpretes da atualidade. Aqueles que não puderem ir até Rio das Ostras, podem ficar ligados aqui no blog, pois diariamente levaremos até vocês as melhores notícias do festival.

JazzMan!

Programação:

DIA 21 – QUARTA

Palco Costazul - 19:00: Orquestra Kuarup, Mauro Senise Quarteto e Robson Fernandes Blues Band

DIA 22 – QUINTA

Palco Iriri - 14:15: Blues Etílicos
Palco Tartaruga - 17:15: Taryn
Palco Costazul - 19:00: Delicatessen, Regina Carter, Russel Malone e Will Calhoun's Native Land Experience

DIA 23 – SEXTA

Palco Iriri - 14:15: Will Calhoun's Native Land Experience
Palco Tartaruga - 17:15: Bonerama
Palco Costazul - 19:00: Taryn, James “Blood” Ulmer Memphis Blood c/ Vernon Reid e The Godfathers of Groove c/ Léo Gandelman e John Mayall & The Bluesbreakers

DIA 24 – SÁBADO

Palco Iriri - 14:15: Russel Malone
Palco Tartaruga - 17:15: The Godfathers of Groove c/ Léo Gandelman
Costazul - 19:00: Dudu Lima c/ Marcos Suzano e Jean Pierre Zanella, Blues EtílicosJohn Scofield Trio & The Scohorns e Bonerama

DIA 25 – DOMINGO

Palco Iriri - 14:15: James “Blood” Ulmer Memphis Blood c/ Vernon Reid
Palco Tartaruga - 17:15: John Scofield Trio & The Scohorns



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segunda-feira, 19 de maio de 2008

Rio das Ostras Jazz & Blues Festival 2008

ENTREVISTA EXCLUSIVA - Mauro Senise



Aos 37 anos de carreira, Mauro Senise é um dos mais importantes saxofonistas brasileiros da atualidade. Discípulo de Paulo Moura e Odette Ernest Dias, Senise começou a aprender mais sobre os grandes nomes do jazz e logo se tornou muito requisitado para gravações e performances em grupos, além de fazer parcerias com grandes nomes como Wagner Tiso, Hermeto Pascoal, Egberto Gismonti, Romero Lubambo e Gilson Peranzzetta, dentre outros. Senise também desenvolve diversos trabalhos paralelos, como as gravações e apresentações com o grupo Cama de Gato e o Quinteto Pixinguinha, além de estar à frente do Quarteto Mauro Senise.

Mauro concedeu uma entrevista exclusiva ao blog JazzMan!, onde falou um pouco das principais influências em sua música, das parcerias e de seu novo trabalho, "Casa Forte", onde homenageia Edu Lobo.

Colaboração: Fernanda Melonio

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JazzMan! - De acordo com Ricardo Cravo Albin, você começou ouvindo o rock de Jimi Hendrix, The Doors e Bob Dylan e descobriu o jazz no apartamento vizinho, freqüentado por Vitor Assis Brasil e Tenório Jr. O que foi que te chamou a atenção no jazz? Como foi descobrir que queria ser músico?

Mauro Senise - Me chamou a atenção a liberdade com que os músicos de jazz podiam tocar. A vontade de ser musico só apareceu quando comecei a estudar flauta com Odette Ernest Dias e sax com Paulo Moura. A coisa foi aparecendo aos poucos, fui me encantando com esse mundo mágico da música.

JM - Desde que iniciou a carreira profissional, você esteve envolvido em parcerias com músicos muito influentes: Egberto Gismonti, Luís Eça, Hermeto Pascoal, Wagner Tiso... Como foi trabalhar com eles assim, em início de carreira?

MS - Tocar com todos estes mestres foi a melhor coisa que podia ter acontecido comigo. Aprendi muito, muito com o enorme talento deles...Com Wagner Tiso, que foi o primeiro com quem toquei, fazia muitas gravações para outros artistas. Sempre com arranjos dele, o que me deu boa experiência em estúdios. Com Hermeto, que conheci no início da minha carreira numa gravação do Taiguara, cresci muito como músico de palco. Cada show era completamente diferente do outro. Quando ele se mudou para o Rio, morou na minha casa por uma semana e foi maravilhosa a nossa convivência. Com Egberto viajei pela Europa toda, gravei na famosa ECM, os ensaios eram muito criativos, muita gravação com orquestra para trilhas de cinema e balé. Isso contribuiu muito para o meu amadurecimento profissional. Com Luiz Eça toquei bastante ao vivo e tive muitos ensaios na casa dele, aprendendo sempre com aquelas harmonias diferentes. Luizinho era muito criativo e cada show era uma viagem mágica. Enfim, todos estes foram uma grande escola para mim! Tenho profundo respeito e gratidão por todos eles. Mas tenho o mesmo pensamento com relação aos músicos com quem toco hoje em dia. Só toco com gente a quem eu admiro e com quem posso "trocar altas figurinhas"...

JM - Dentre os diversos trabalhos que já fez, quais você destacaria na sua carreira?

MS - Como eu disse acima, todos os trabalhos que fiz com estes mestres são de suma importância pra mim. Hoje, tenho o meu quarteto (que leva meu nome), e mais algumas formações que me dão muito prazer: meu duo com o pianista, compositor e arranjador Gilson Peranzzetta (que já tem 20 anos!), meus duos com os pianistas Itamar Assiere e Gabriel Geszti, meu duo com a harpista Silvia Braga, o Cama de Gato (desde de 1985) e o Quinteto Pixinguinha (fundado em 1973), por exemplo. Em todas estas formações, estou sempre aprendendo...

JM - No seu último trabalho, "Casa Forte", você homenageou um artista que admira bastante, Edu Lobo. Fale um pouco como foi fazer esse tributo e parceria, uma vez que o próprio Edu participou do álbum.

MS - Toquei muito com o Edu, em shows e gravações. Sempre admirei muito a sua obra, suas composições, não só a parte melódica, mas as harmonias. Já tinha gravado a música "Casa Forte" em um de meus discos com o Peranzzetta e sempre a toco ao vivo, nos meus shows. As músicas do Edu, que têm letristas incríveis (como Chico, Vinicius, Capinan etc.), se prestam perfeitamente para versões instrumentais. Ainda fui presenteado por ele com duas músicas inéditas, "Arpoador" e "Valsa Carioca", além da presença preciosa dele em "Canção do Amanhecer", com o seu jeito de cantar grave, elegante e macio. Sou fã também do Edu cantor... Fazer uma homenagem a ele era um sonho antigo. Fiquei felicíssimo com o resultado, que produziu o CD e um DVD, ambos lançados pela Biscoito Fino.

JM - Por fim, vamos falar sobre o Rio das Ostras Jazz & Blues Festival. Enquanto músico, o que você acha de termos no Brasil um festival deste porte, que busca dar acesso à boa música e o que o público pode esperar do seu show?

MS - O Rio das Ostras Jazz & Blues Festival já faz parte do circuito internacional de festivais de primeira classe! Já tive a honra de participar deste festival há alguns anos atrás e pude sentir a boa energia que vem da platéia, bem como o profissionalismo dos organizadores. Stenio Matos é um craque e o festival é o resultado do seu heroísmo: levar boa música para grandes platéias. Meu show será com o meu quarteto: Itamar Assiere no piano, Paulo Russo no contrabaixo e Ivan "Mamão" Conti na bateria. Vamos tocar o repertório do Casa Forte, mais dois temas do Victor Assis Brasil, "Steps" (um blues) e "Waltz for Phil", que gravei no meu CD "Dançando nas Nuvens". Mais alguns standards do jazz. Vamos tocar fogo em Rio das Ostras!

http://www.myspace.com/maurosenisebrasil
http://www.maurosenise.com.br/

Site do Rio das Ostras Jazz & Blues Festival 2008

Mauro Senise toca Edu Lobo - Choro Bandido (YouTube)
Mauro Senise toca Edu Lobo - Ponteio (YouTube)

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quarta-feira, 23 de abril de 2008

Rio das Ostras Jazz & Blues Festival 2008

ENTREVISTA EXCLUSIVA - Taryn Szpilman



Considerada uma das melhores intérpretes brasileiras da atualidade, Taryn Szpilman é também conhecida por sua versatilidade e carisma no palco. Com um repertório que tem de jazz e blues ao bom e velho rock’n’roll, ela estará presente nesta edição do Rio das Ostras Jazz & Blues Festival como uma promessa de muita sofisticação e swing.

Taryn concedeu uma entrevista exclusiva ao blog JazzMan, onde falou das principais influências em sua música e de seu novo cd, Bluezz, que estará sendo lançado no festival. Confira agora o bate-papo e se encante com a maturidade musical da cantora.

Colaboração: Fernanda Melonio

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JazzMan – Vamos começar com um pouco da sua história. Sabemos que você pertence à quinta geração de músicos da família Szpilman, tendo inclusive parentesco com Wladyslaw Szpilman, que foi retratado por Roman Polanski no filme "O Pianista". Gostaríamos de saber de que forma essa tradição familiar influenciou não só na sua escolha pela música como no seu repertório.

Taryn Szpilman – Acho que cada um é o produto de seu próprio meio. Somos influenciados pelo que observamos e vivemos na infância, criando assim um gosto e uma paixão pessoal. Somos influenciados também por nossos pais, avós... No meu caso, além do meu pai que é um jazzista "doente", Marcos Szpilman – colecionador, pesquisador e líder de big band – eu tive como exemplo o meu avô, Waldemar Szpilman, o primo do Wladislaw, que veio para o Brasil ainda criança e, assim como sua família, sempre viveu da música. Ele era um apaixonado pela música clássica e um excelente violinista e saxofonista. Formou com sucesso, nos anos 1940/50, uma das maiores orquestras de sua época, que tocava no Cassino da Urca, nos grandes bailes que aconteciam na cidade... Por parte de minha mãe, idem. Meu avô materno, Paulo Kern, era contra-baixista da Sinfônica, e ainda tive como "tio" um dos maiores pianistas de nossa história, que foi o Luiz Eça.
Também creio, de forma espiritual, que viemos ao mundo cumprir um determinado papel. Não escolhemos por acaso, mas sim por afinidade, a família espiritual, o meio e destino em que vamos viver. Eu tenho a música dentro das minhas veias e não vim nesta família por acaso. Cresci ouvindo e apreciando desde o bercinho o Blues, Jazz e a música negra (Stevie Wonder, Quincy Jones...) por causa dos discos que meu pai ouvia incessantemente, e o rock inglês por parte da minha mãe, que adorava os Beatles e cia...

JM – E por falar em influências, você fez (juntamente com a big band Rio Jazz Orchestra) o espetáculo "Tributo às Grandes Divas do Jazz". Quais delas você sente que mais influenciaram na sua carreira e por quê?

TS – Billie Holiday, Carmen McRae, Dinah Washington, são tantas maravilhosas... Da Billie, o que mais me influenciou foram a sua emoção, personalidade e forma única como cantava, seu timbre "bebum", a forma como realmente vivia o que cantava. Isso é a característica mais importante de um cantor, logicamente unido à técnica e afinação, que admiro muito na Ella Fitzgerald, Carmen McRae, Sarah Vaughan, Diane Schuur... O "punch" e potência vocal das cantoras soul como Aretha Franklin e Etta James... Amo também a Janis, uma cantora de Blues fantástica e única, por incrível que pareça, branca, com um timbre de características vocais sem igual... Até hoje... (Santos defeitos vocais ela tinha! Sua rouquidão excessiva, etc...).

JM – Suas interpretações para as músicas da Billie Holiday foram elogiadas no Programa do Jô. Você e a Rio Jazz fizeram um show de tributo a ela. Como foi fazer esta homenagem?

TS – Acho que deu tão certo porque foi de coração. Na música, tem que ser assim, senão não sobrevive muito (no máximo, como um relâmpago de modismo popular)...
Eu escolhi com meu pai este show temático, pois foi ela quem mais me influenciou, exatamente pelo que te descrevi anteriormente. Era única, vivia o que cantava... Seu lamento, sua divisão rítmica, seu timbre "trumpetístico" (risos), sua musicalidade... Não havia aparecido até então alguém como Billie. Ela revolucionou o canto popular.
Fazer esta homenagem foi um dos trabalhos que mais me realizaram na vida. Sentia que ela estava presente espiritualmente, e até aconteceram histórias engraçadas ao vivo, como pessoas (público) virem me falar que sabiam que ela estava ao meu lado no palco.
Na estréia, acabou a luz do teatro aonde nos apresentávamos. O Miele, que narrava a história dela, começou a chorar emocionado e acendeu seu isqueiro para iluminar a partitura do Lulu Martin, pianista da Rio Jazz, para que fizéssemos em duo, eu cantando o repertório restante sem microfone. O público adorou, até mais do que se tivéssemos com som e luz (risos)...

JM – Zeca Baleiro declarou no Estadão: "Quando a ouvi cantar, fiquei chapado. Foi uma sensação parecida que tive com o primeiro disco de Cássia Eller, por causa do desnudamento e da contundência do canto. Taryn é verdadeira demais. Há muito tempo não ouvia ninguém assim". De onde vem sua voz?

TS – Como te falei, acho que crescemos muito ouvindo / desvendando nossos ídolos e assim, com este espelhamento, vamos nos influenciando aos poucos, descobrindo nossos potenciais e então lapidamos e aprimoramos nossa própria arte. Sou um reflexo de tudo que capto destes "amores"... Procuro em mim o que adoro nestes ídolos, e vou me desenvolvendo. Gosto de estudar técnica e, principalmente, ouvir muito os detalhes de interpretação deles, pra sacar os mínimos detalhes mesmo, e ir aplicando, com personalidade e bom gosto, estes pedacinhos na minha música... Aí eu descubro quem é a cantora Taryn, a partir deste espelhamento e mergulho na técnica...

JM – Pra encerrar: Nós sabemos que seu repertório é bem versátil. O que o público do Rio das Ostras Jazz & Blues Festival pode esperar do seu show?

TS – No festival, vou estar lançando o cd "Bluezz", que passeia pelas várias vertentes que este estilo (o Blues, a música que vem do lamento dos negros) gerou... No show e no CD, o público poderá desfrutar de nossas releituras para clássicos do Blues, Jazz, Soul e Classic Rock: de Billie Holiday e Ray Charles a Hendrix e Aretha Franklin, passando por Janis Joplin, Willie Dixon e Etta James... O CD foi produzido pelo meu marido, o renomado baterista Claudio Infante, com meus "pitacos" (risos)...
Então é um disco muito swingado, com muita sofisticação e peso também. Procuramos neste trabalho uma sonoridade totalmente vintage. Ele foi produzido em um estúdio todo "valvulado", o Castelo Estúdio, e nos arranjos, que tiveram o apoio do nosso talentoso guitarrista Ricardo Marins, a gente ouve esta sonoridade com guitarras do rock clássico, órgão hammond... Além da participação de instrumentistas / solistas talentosíssimos na gaita, sax, piano, metais, arranjos de coro (tem esta influência da música gospel americana também), etc...

Vamos nos apresentar ao vivo com um bandão:
Taryn: voz
Claudio Infante: bateria
Ricardo Marins: guitarra e hammond
Fernado Caneca: guitarra
Jefferson Lescowitch: contra baixo
Naipe: AC - sax tenor
George Oliveira: sax alto
Participações especiais: Jefferson Gonçalves (gaita) e Big Joe Manfra (guitarra)

O CD será lançado pelo selo Blues Time Records e o show será ele por inteiro...

Fotos:


Ouça Maybe I´m amazed (Paul McCartney), faixa do cd Bluezz. DOWNLOAD.

Site
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Entrevista Jo Soares em Abril de 2003 part 01
Entrevista Jo Soares em Abril de 2003 part 02

Site do Rio das Ostras Jazz & Blues Festival 2008

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