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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

O "jet-set" moçambicano visto por Mia Couto

Já vimos que, em Moçambique, não é preciso ser rico. O essencial é parecer rico. Entre parecer e ser vai menos que um passo, a diferença entre um tropeço e uma trapaça.
No nosso caso, a aparência é que faz a essência. Daí que a empresa comece pela fachada, o empresário de sucesso comece pelo sucesso da sua viatura, a felicidade do casamento se faça pela dimensão da festa. A ocasião, diz-se, é que faz o negócio. E é aqui que entra o cenário dos ricos e candidatos a ricos: a encenação do nosso "jet-set".
O "jet-set" como todos sabem é algo que ninguém sabe o que é. Mas reúne a gente de luxo, a gente vazia que enche de vazio as colunas sociais.
O jet-set moçambicano está ainda no início. Aqui seguem umas dicas que, durante este ano, ajudarão qualquer pelintra a candidatar-se a um jet-setista. Haja democracia! As sugestões são gratuitas e estão dispostas na forma de um pequeno manual por desordem alfabética.

Veja na íntegra: O “Jet-set moçambicano

Mia Couto, escritor mocambicano

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Estação central dos CFM sétima mais bela do mundo

A estação central dos Caminhos de Ferro de Moçambique, na cidade de Maputo (capital do país), foi escolhida pela prestigiada revista norte-americana “Newsweek” como a sétima mais bela do mundo, num “ranking” que incluiu todas as infra-estruturas do género em todo o mundo, das mais “modestas” às mais famosas.

A pesquisa da “Newsweek” tomou em consideração o traçado arquitectónico e o seu nível de conservação, algo que, no caso da imponente obra, casa a história com o empenho da instituição que a tutela, a empresa Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique, em conservá-la.

A estação ferroviária de Maputo é uma obra secular concebida pelo arquitecto francês Gustave Eiffel, célebre por ser o criador de várias obras no mundo e que têm como traço comum o uso do ferro na sua execução. O seu nome ficou eternizado – e projectado – pela famosa torre parisiense que leva o seu nome.

Em Moçambique, as obras de Gustave Eiffel não se ficam pela estação ferroviário que é também património da cidade de Maputo. Foi o francês que concebeu também a Casa de Ferro, implantada nas proximidades do jardim botânico Tunduru e em que funciona hoje uma direcção do Ministério da Cultura.

A estação central dos Caminhos de Ferro foi inaugurada em março de 1910, dois anos depois do início da sua construção. Contudo, a imponência com que se lhe conhece hoje só se verificaria a partir de 1916.

Hoje, para além de estação ferroviária por onde passam milhares de passageiros e mercadorias de e para Maputo (também para os vizinhos Zimbabwe e Africa do Sul), é também um local de cultura. Nela, vários eventos de carácter cultural e artístico têm sido promovidos, ao mesmo tempo que a empresa que a tutela (CFM) agenda implantar nela um museu ferroviário.

A mais bela estação ferroviária do mundo é, segundo a revista Newsweek”, a londrina de St. Pancras, seguida pela nova-iorquina Grand Central Terminal.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Moçambique: 60 anos dos Direitos Humanos. Como é?


Em debate realizado esta segunda-feira, 8, nos estúdios da Rádio Moçambique em Maputo, foi constatado que a sociedade civil moçambicana, não tem tido o papel de relevo que dela se espera na promoção e divulgação dos direitos humanos no país.
Os painelistas convidados concordaram que, muito embora a observância dos direitos fundamentais da pessoa humana esteja a conhecer melhorias nos últimos anos, persistem actos e práticas que atentam contra os princípios preconizados na Declaração Universal dos Direitos Humanos adoptada há 60 anos pelas Nações Unidas.
Um dos intervenientes neste debate, promovido pela União Europeia e moderado por Edmundo Galiza Matos, criticou o posicionamento das organizações da sociedade civil moçambicana, a quem acusam de estarem mais viradas para projectos que envolvem a alocação de recursos financeiros, em detrimento daqueles que poderiam ajudar na educação das pessoas quanto aos direitos que lhes assiste.
Foram cinco os painelistas participantes:
+ Augusto de Carvalho, Director do Centro de Assistência e Práticas Jurídicas da Universidade Politécnica;
+ Custódio Duma, Advogado da Liga dos Direitos Humanos;
+ Ercínio de Salema, do MISA (Media Institute Of Southern Africa);
+ Pedro Sinai Nhatitima, do IPAJ (Instituto de Patrocínio e Assistência Jurídica; e
+ João Pereira, do MASC (Mecanismo de Apoio à Sociedade Civil).
Por ocasião dos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a União Europeia, através dos seus organismos, está a realizar desde o principio deste mês e até ao dia 14, uma série de actividades, que compreendem palestras, exposições de arte (fotografia e máscaras pintadas) e projecção de filmes e documentários (nacionais e internacionais), cuja temática principal são exactamente os Direitos do Homem.
Ao debate radiofónico assistiram uma dezena de jovens da Associação Moçambicana de Defesa dos Direitos das Minorias Sexuais.
Liderados por Danilo da Silva, os jovens da LAMBDA, puderam denunciar a discriminação e estigmatização de que são vítimas no seio da sociedade moçambicanas, e apelaram às autoridades competentes que abordem a sua situação com toda a seriedade e que os seus direitos sejam consagrados na lei mãe, a Constituição da República de Moçambique.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Maputo: os Fourplay sob as acácias rubras

Os “Fourplay” apresentam-se sexta-feira, no jardim municipal da Matola, cidade-satélite da capital moçambicana Maputo, a cidade que inspirou o baixista Marcus Miller a compor o tema “Maputo” nos 1980, em parceria com o tecladista Bob James e o saxofonista David Sanborn.
Este quarteto de jazz integra exímios instrumentistas: Bob James (tecladista), Nathan East (baixista), Larry Carlton (guitarrista) e Harvey Mason (baterista).
“Nascido de uma pequena ideia” que passou pela cabeça de Bob James de viver e tocar o jazz a quatro, a banda desembarca quinta, 4, depois de ter actuado semana passada no México. Ruma depois para Johanesburgo, a capital económica da África do Sul.
Quem já se encontra a respirar os aromas da cidade das acácias (o nosso dezembro é rubro) é Bob James para, como declarou ao jornal “Notícias”, “aproveitar sentir o pulsar de uma terra a que venho pela primeira vez”, embora a palavra “Maputo” tenha estado na ponta da sua lingua nos dias que antecederam ao arranjo final do tema proposto por Marcus Miller.
Muita produção musical do “Fourplay” ou de cada um dos seus integrantes vai “girar” no palco do jardim municipal da Matola (de que sou vizinho). Uma miscelânia para ser mais exacto: “Elixir”, “A Summer Child”, “Between The Sheets”, entre outras.
Os seus fãs moçambicanos sabem que a sua carreira estende-se por mais de quatro décadas, marcada no início pela memorável actuação no Festival de Jazz de Notre Dame, em 1962.

FOURPLAY

Tecladista, produtor, arranjista e compositor. Os seus fãs moçambicanos sabem que a sua carreira estende-se por mais de quatro décadas, marcada no início pela memorável actuação no Festival de Jazz de Notre Dame, em 1962. Um músico de estúdio por excelência bastante requisitado por tantos músicos, Earl Klug e David Sanborn. Até mesmo como director musical da insuperável Sarah Vaughan. 27 albuns a solo, três produções clássicas – aqui tem BOB JAMES.

“With a Little From My Friends” é a mais importante obra do guitarrista LARRY CARLTON. “Parida” há quarenta anos exactos. Breve passagem pelo “The Crusaders”, seguida de uma carreira a solo e as inevitáveis solicitações de parcerias, entre elas, Barbara Streisand e Joni Mitchel, esta celebrizada, entre outros temas por “Big Yellow Taxi”. Carlton entrou para o quarteto pela vaga deixada por Lee Ritenour.

Phill Collins, Eric Clapton, Michael Jackson e Babyface, esses “monstros” da World Music podem testemunhar que alguns dos seus sucessos foram escritos por NATHAN EAST. A mão deste baixista “mexeu” no “Unplugged In NYC” do BFace, 1997, participado por EClapton, Stevie Wonder, Shanice Wilson, os Boyz II Man. Os feitos do Nat não cabem aqui, mas aí vai mais um: digressões mundiais com Clapton durante anos tocando o “superplatinado” álbum “Unplugged”.

Poucos serão certamente aqueles que tiveram o privilégio de trabalhar com gigantes do jazz como Duke Ellington e Errol Garner. Viu e viveu o nascimento e posterior “explosão” da mítica editora “Jazz Blue Note”, “rufou” a bateria no Herbie Hancock qnd The Headhunters e em várias outras bandas, vencedoras umas de discos de ouro e outras de platina e, vejam só, tocou em 150 trilhas musicais de filmes e actuou em 11 festas de premiação dos Óscares. HARVEY MASON, de seu nome.

Este é o FOURPLAY que Maputo (Matola) vai ouvir sexta-feira. Fundado em 1991. Mais de dez álbuns, um milhão de cópias vendidas pelo mundo inteiro: clássicos, jazz, pop, rock, blues e R&B, tudo isso, é suficiente para alegrar até ao rubro as acácias da “Pérola do Índico”.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Dia da Consciência Negra: Grande encontro de arte viva “capoeira

O CENTRO Cultural Brasil-Moçambique (CCBM) “José Aparecido de Oliveira”, em Maputo, comemora desde ontem, 19, o “Dia da Consicência Negra”. O acto, que encerra a sábado, está a ser caracterizado pela realização de uma série de eventos alusivos a esta importante data para o povo brasileiro e que recorda a heroicidade de Zumbi dos Palmares, um dos escravos que resistiu às forças coloniais.
Para a comemoração da presente efeméride, encontra-se em Maputo o grande mestre brasileiro de capoeira, que é igualmente músico, Tonho Matéria.
Tonho Matéria é presidente da Associação Capoeira Mangagá de Salvador da Bahia, e em Moçambique vai orientar uma série de palestras e workshops, assim como actuar num espectáculo musical preparado para a celebração do Dia da Consciência Negra.
Tonho Matéria está em Moçambique também para presidir ao primeiro Grande Encontro “Arte Viva” de Capoeira, evento enquadrado nas referidas comemorações e que juntará todos os grupos de capoeira que actuam em Maputo.
Na noite desta quinta-feira, haverá uma palestra sobre a data e sua importância, e ainda um show de capoeira, de teatro e de dança. Vai-se também proceder à inauguração de uma exposição fotográfica sobre capoeira, um trabalho de autoria de Cita Vissers.
No Centro Cultural Universitário da Universidade Eduardo Mondlane, realizou-se uma palestra de Tonho Matéria sobre o marketing na capoeira e a importância da história de Zumbi dos Palmares para o Brasil e seus descendentes africanos.
Os trabalhos do Primeiro Grande Encontro “Arte Viva” da Capoeira continuará amanhã, sexta-feira, e no sábado, sendo que na manhã do último dia haverá um “Aula de Capoeira” em frente do Conselho Municipal da Cidade de Maputo, e ao fim da tarde proceder-se-á à entrega de certificados aos participantes.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Mia Couto: "Sou moçambicano de uma minoria"

Um dos maiores escritores moçambicanos da actualidade, Mia Couto, concedeu uma entrevista ao jornalista brasileiro Leonêncio Nossa, do jornal "Estado de São Paulo", na qual aborda diversas questões, desde a literatura até às relações culturais entre os países que se exprimem em português.
Como não podia deixar de ser, Mia Couto, fala também da situação que atravessa Moçambique, esse país do outro lado do mundo, muito desconhecido pelos brasileiros, mas apelidado por outros como sendo "A pérola do Índico".
Não resisto a chamar a atenção de todos para a entrevista, que pode ser lida na íntegra no blog: wwwnantchite.blogspot.com, sob o título "África, com amor e raiva".
Aí vai um excerto da referida entrevista:

"O senhor sempre faz questão de ressaltar que é moçambicano. No dia-a-dia, por ser branco, sente não ser visto como moçambicano?
Eu sinto que sou moçambicano de uma minoria. Sinto isso, o que dói. Mas não é que me sinto de outro lugar ou de outra nacionalidade. Sei que muitos amigos que são negros têm o mesmo drama que eu. Nasceram dentro da língua portuguesa, viveram uma cultura igual à minha, de língua portuguesa, e têm dificuldades de se reencontrar neste espaço comunitário. Há muito escritor moçambicano que tem o mesmo distanciamento em relação àquilo que é cultura popular. Eu me defino como um diverso, sou moçambicano, sim, esse é o eixo central, mas também sou português, e também sou brasileiro. Alguma coisa que devo à inspiração. Eu sempre dizia que a literatura era o lugar em que eu ia viver. Eu não sou só escritor. Eu só me sinto vivo e me sustento enquanto leio e escrevo neste universo, sou muito brasileiro nesse aspecto. Meus grandes mestres foram Drummond de Andrade, Jorge Amado, João Cabral de Melo Neto, Adélia Prado. Os nomes da referência são muito mais brasileiros que portugueses e moçambicanos".

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Tamy nos palcos de Maputo

A cantora brasileira Tamy actua esta quinta, 13, na Rua D´Arte, baixa da cidade de Maputo, no quadro das várias iniciativas de intercâmbio cultural entre a Rua D´Arte e outras institutições moçambicanas e estrangeiras que promovem este tipo de actividades de lazer.
Considerada como a nova estrela da música brasileira, no campo da Bossa Nova, Tamy foi premiada em vários festivais de talentos do Brasil, tendo actuado com diversos músicos famosos, entre os quais o grupo Paralamas do Sucesso, Leila Pinheiro, João Bosco e Cláudio Zali.
Tamy tem dois discos editados: "Soul mais Bossa" (2004) e o que leva o seu próprio nome (Tamy) lançado este mesmo ano.
Semana passada, recordo, esteve e actuou em Maputo, a cantora brasileira Marti´nália, filha do sambista Martinho da Vila. Este ano também esteve em Moçambique uma das divas da MPB Gal Costa.
É caso para dizer: o intercâmbio cultural entre Moçambique e o Brasil está a conhecer níveis nunca antes registados.
Refiro que na capital de Moçambique funciona, num edifício construído nas primeiras décadas do século passado, o Centro de Estudos Brasileiros, cujo director é o escritor moçambicano Calane da Silva.

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quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Miriam Makeba: a Luta Continua

Roberto Saviano escreveu Gomorrah, livro publicado em 2006 que expôs detalhes e segredos da Camorra, a máfia napolitana.
As mesmas páginas foram transformadas em filme já este ano e Saviano acabou ameaçado pelas organizações criminosas da cidade de Nápoles.
Miriam Makeba, nome maior da música sul-africana e activista pelos direitos humanos, esteve em Itália para um concerto de apoio ao jornalista-escritor.
Após a actuação, Makeba foi vítima de um ataque cardíaco. Acabaria por morrer, com 76 anos.Na verdade, o seu desaparecimento físico seria sempre motivo de notícia, e não apenas porque associada a uma controversa aparição pública que levou os meios de comunicação de todo o mundo a procurar eventuais teorias conspirativas. Mas a sustentação de tais hipóteses faz-se de fragilidades.
Miriam Makeba manteve ao longo dos anos uma relação de afecto com Moçambique pelo simples facto de que os moçambicanos, durante a luta contra o regime racista da Africa do Sul, acolheram no seu território as bases dos guerrilheiros do Congresso Nacional Africano (ANC), que hoje governam o seu país.
Aliás, milhares de moçambicanos, inocentes, foram mortos em massacres e bombardeamentos da avião sul-africana, justamente porque apoiavam a luta dos seus irmãos.
Nesta quinta-feira, os radiouvintes da Rádio Moçambique, poderão escutar a gravação de um espectáculo que Miriam Makeba abrilhantou no Cinema Gil Vicente em Maputo, capital de Moçambique, no dia 25 de Junho de 1976, um ano após a proclamação da Independência de Moçambique.
O espectáculo, que tem como música principal "A Luta Continua", cuja matriz passaremos no programa "Clube dos Entas", nunca foi editado em disco, não se sabendo se a Rádio Moçambique vai agora permitir, em acordo com a Editora de Miriam, que se publique. O espectáculo, na verdade, é uma relíquia. Muito pouco gente sabe da sua existência na Fiteteca da RM.
Assistiu ao espectáculo o fundador da República de Moçambique, Samora Machel e sua esposa, Graça Machel (hoje mulher de Nelson Mandela). Samora Machel viria a morrer em território sul-africano na queda do seu avião, quando regressava de uma missão em que justamente se debateu a luta contra o regime do Apartheid na Africa do Sul.

O espectáculo pode ser ouvido no: “Clube dos Entas”, Quinta-feira (22H05) ou Segunda-feira (02H05) em 92.3 (FM) ou na net: www.rm.co.mz

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Fourplay traz jazz a Maputo

A CONCEITUADA banda norte-americana de jazz Fourplay vai escalar Maputo para um concerto a ter lugar dia 5 de Dezembro próximo no Jardim Municipal da Matola.
Fourplay é composta por Bob James (piano), Nathan East (viola baixo) Larry Carlton (guitarra) e Harvey Mason (percussão).
Do seu vasto repertório contam os discos “Elixir; Yes, please!” “Fourplay”, “Heartfelt” “Journey Snowbound” “X” e “Energy”.
Vindos do México, onde actuarão no dia 29 do mês em curso, os Fourplay vão actuar no dia 5 de Dezembro e no dia seguinte deslocam-se para a cidade de Joanesburgo, na vizinha África do Sul.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Moçambique: a sobrevivência da cultura popular


Na minha recente incursão pelo “Moçambique Profundo”, tive a oportunidade de registar em imagens e som as mais variadas e ricas expressões de arte, sobretudo musical, do povo moçambicano.
Numa estrada de terra batida, ligando a cidade de Pemba à belíssima praia de Mecufi, norte do país, cruzei-me com estas duas mulheres/músicas, que, à pé, viajam para uma aldeia vizinha para onde foram convidadas para abrilhantarem um casamento tradicional.
Uma delas é tocadora do instrumento que se vê nas duas imagens e a outra simplesmente canta.
O instrumento chama-se PANKWÉ e é constituído por várias cordas ou fios dedilhados, cujo som é aumentado por uma ou duas caixa de ressonância normalmente feitas de cabaças.
Coloca-se um fio de arame contínuo sobre uma tábua de madeira rectangular, com 6 ou 7 orifícios em cada ponta, por onde entra o fio, de modo a formar 6 ou 7 cordas. Uma das extremidades da tábua penetra numa cabaça ou então, as duas extremidades são colocadas sobre duas cabaças, ficando assim o Pankwé com duas caixas de ressonância.
Para afinar o som das várias cordas, usam-se pequenos pedaços de madeira colocados debaixo de cada uma delas, que o tocador aproxima ou afasta dos orifícios para produzir o som desejado.
Este instrumento está principalmente disseminado entre as populações ajauas e macuas das Províncias de Niassa, Cabo Delgado, Nampula e Zambézia.
O Pankwè é tocado sozinho como forma de entretenimento, sendo normalmente acompanhado pela voz do próprio tocador.

Mart´nália apresenta-se em Maputo

A filha do sambista Martinho da Vila e da cantora Anália Mendonça (o seu nome é uma mistura dos nomes dos pais), vai apresentar-se em Novembro em alguns palcos de Moçambique, com destaque os da sua capital, Maputo.
Tanto quanto sei, ela começou a carreira profissional aos 16 anos, fazendo vocais de apoio para o pai ao lado da irmã, Analimar.
Em meados dos anos 1990, Mart´nália passou a realizar apresentações em bares, pequenas casas nocturnas e teatros do Rio de Janeiro, lançando nesse mesmo ano o seu disco Minha Cara, voltado para o samba-canção.
Em 1994 passou a integrar o grupo Batacotô, com quem lançou o Semba dos Ancestrais.
Caetano Veloso foi o director artístico da sua obra Pé do meu Samba, além de compor a faixa-título, e Maria Bethânia produziu Menino do Rio.
Terá sido a partir destes dois álbuns que Mart'nália passou a atrair maior atenção da mídia e a ter uma agenda de shows mais estabelecida em todo o Brasil, abrindo caminho para digressões pela Europa e África.
A sua última obra, tanto quanto sabe-se aqui em Moçambique é Mart'nália em Berlim ao vivo (2006) CD/DVD.

Maputo: Umoja pela segunda vez

Palco (ainda em montagem) onde vai ocorrer o "Umoja"

Maputo, a capital de Moçambique, vai ser palco de mais uma edição do projecto cultural Umoja, um acto que vai decorrer esta sexta-feira e sábado. Estarão em cena mais de 50 músicos provenientes de vários pontos de África e da Noruega.
O ponto estratégico para o grande espectáculo é a Praça da Independência, situado defronte do oceano índico.
Moçambique está representado neste evento pelas Escolas Nacional de Dança, Música e de Artes Visuais, sendo que o país vai exibir danças tradicionais como Marrabenta, Xingombela, Ngalanga, Zore, Nfena, entre outras tipicamente nacionais.
O conceituado músico Xidiminguana e as bandas Timbila Muzimba e Rock Fellers são algumas das que foram chamadas para abrilhantar a festa. O músico Stewart Sukuma e a sua banda, a jovem Marlene estarão igualmente em palco, à par dos cantores Zico, Anita Macuácua, Trio Fam.
Da África do Sul virão a banda Malaika e o músico General Muzka. Busi Ncube do Zimbabwé, Tewodros Mosisa da Etiópia, Eric wanaina do Kénia, Ray C da Tanzania entre outras figuras de renome musical internacional e da Noruega, fazem parte da nata fina a desfilarem até ao sol raiar na Praça da Independência.
O festival é financiado pelo NORAD e a Embaixada da Noruega, e, segundo Rufus Maculuve, da organização, os preparativos estão a bom ritmo, com os músicos ansiosos e afinando os seus instrumentos musicais para não decepcionarem o público carinhoso que sempre tem sido fiel ao evento, pois neste festival o objectivo é mostrar a diversidade do mosaico cultural em que vários povos se unem num só.
O Projecto Umoja que prima pela cooperação virada para o horizonte, tem sido interessante pelo facto de ao longo dos anos unir os países membros deste preciosa acção através da canção, da dança e outras manifestações artísticas.
No exterior, outros parceiros fazem igualmente parte do Umoja nomeadamente Academia de Show Music da Tanzânia, Associação dos Educadores de música do Zimbabwé, Colégio de música do mesmo país, projecto de artes para jovens e crianças da África do Sul, Colégio Central de Joanesburgo, Academia Norueguesa de Música, Escola de Manutenção de artes da Noruega e Escola de Música e Finalização de artes na Noruega.
Este programa tem como patronos a cantora Miriam Makeba da Africa do Sul, Oliver Mutukuzi do Zimbabwé e o pintor Malangatana de Moçambique.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

De Moçambique um "maningue nice"

Chamo-me Edmundo Galiza Matos. Moçambicano. Jornalista de profissão há cerca de 30 anos. Sempre no serviço público de radiodifusão de Moçambique: Rádio Moçambique.

Ingressei no jornalismo alguns meses depois da proclamação da independência de Moçambique, em 1975, após o derrube do regime colonial-fascista português, com a chamada “revolução dos cravos”, a 25 de abril de 1974.

Tal como muitos jovens moçambicanos na altura (1975), também fui chamado a substituir os portugueses que então abandonavam Moçambique de regresso a Portugal por não concordarem com a independência do meu país.

Quer dizer: apreendi o ofício de jornalismo – de radiófilo neste caso – na prática, uma vez que não houve tempo para frequentar algum curso.

Com o passar dos anos, e depois de tantos erros cometidos, tanto eu quanto outros jovens, fomos adquirindo experiência na profissão, ouvindo estações de rádio estrangeiras que era possível sintonizar (da África do Sul, sobretudo), o que me permitia o aperfeiçoamento do meu desempenho.

À medida que o país ia tomando as rédeas do seu destino muitos dos jovens jornalistas inexperientes eram enviados para o estrangeiro (sobretudo para os países do bloco comunista mas também para Portugal, Cuba e até Brasil) para se aperfeiçoarem nas várias vertentes do jornalismo radiofónico.

Não estarei errado se disser que hoje os melhores jornalistas que Moçambique possue (em rádio, televisão e imprensa escrita) são todos audidatas, ocupando hoje, muitos deles, cargos de chefia nos diversos orgãos de comunicação social, incluindo os privados.

Neste momento, para além de editar e apresentar jornais radiofónicos, sou produtor e apresentador de um programa essencialmente musical, que achei por bem chamar de “O Clube dos Entas”, destinado a um auditório da faixa dos 40/50/60 anos: daí os “Entas”. Basicamente, o programa fala e passa a música da minha geração: desde o jazz e as suas variantes até ao Blues, Rock, Fusion, a Nova Trova Cubana (Sílvio Rodriguez, Sara Gonzalez, Pablo Milanés, etc), a MPB (Caetano, Chico, MBethânia, Gal Costa, HPascoal, ILins, GVandré, MNascimento, GGil, etc). Detesto Roberto Carlos e toda essa gentalha que está sempre a “choramingar”.

Para uma percepção das minhas inclinações culturais e outras, o meu “wwwclube70.blogspot.com está aí disponível. Refiro que a “cultura” da blogosfera é ainda “criança” em Moçambique, tal como se pode aferir da qualidade do sítio.

Quanto à minha coloboração para o “jazzmanbrasil”, sugiro o envio de toda e qualquer informação sobre a música e outras expressões de arte não só do meu país, como também de África, com principal enfoque para a região da África Austral.

Por isso, meus caros amigos, eis-me aqui, inteiramente à vossa disposição.
O meu endereço é:
Edmundo Galiza Matos: eagmatos@gmail.com
Maputo, Moçambique
Telefone +258 82 427 9 568 (móvel)
+258 21 78 11 11 (casa)
Blog: wwwclube70.blogspot.com (Att: depois dos w´s não colocar o (.) ponto.
Um abraço e até breve