quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Estação central dos CFM sétima mais bela do mundo

A estação central dos Caminhos de Ferro de Moçambique, na cidade de Maputo (capital do país), foi escolhida pela prestigiada revista norte-americana “Newsweek” como a sétima mais bela do mundo, num “ranking” que incluiu todas as infra-estruturas do género em todo o mundo, das mais “modestas” às mais famosas.

A pesquisa da “Newsweek” tomou em consideração o traçado arquitectónico e o seu nível de conservação, algo que, no caso da imponente obra, casa a história com o empenho da instituição que a tutela, a empresa Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique, em conservá-la.

A estação ferroviária de Maputo é uma obra secular concebida pelo arquitecto francês Gustave Eiffel, célebre por ser o criador de várias obras no mundo e que têm como traço comum o uso do ferro na sua execução. O seu nome ficou eternizado – e projectado – pela famosa torre parisiense que leva o seu nome.

Em Moçambique, as obras de Gustave Eiffel não se ficam pela estação ferroviário que é também património da cidade de Maputo. Foi o francês que concebeu também a Casa de Ferro, implantada nas proximidades do jardim botânico Tunduru e em que funciona hoje uma direcção do Ministério da Cultura.

A estação central dos Caminhos de Ferro foi inaugurada em março de 1910, dois anos depois do início da sua construção. Contudo, a imponência com que se lhe conhece hoje só se verificaria a partir de 1916.

Hoje, para além de estação ferroviária por onde passam milhares de passageiros e mercadorias de e para Maputo (também para os vizinhos Zimbabwe e Africa do Sul), é também um local de cultura. Nela, vários eventos de carácter cultural e artístico têm sido promovidos, ao mesmo tempo que a empresa que a tutela (CFM) agenda implantar nela um museu ferroviário.

A mais bela estação ferroviária do mundo é, segundo a revista Newsweek”, a londrina de St. Pancras, seguida pela nova-iorquina Grand Central Terminal.

Stewart Sukuma no Festival de Jazz da cidade do Cabo

O compositor e intérprete moçambicano, Stewart Sukuma, vai actuar na próxima edição do Festival Internacional de Jazz da Cidade do Cabo, que anualmente se realiza no último fim de semana de março naquela cidade sul-africana.

Os organizadores do evento, a crer no jornal “Notícias” da capital moçambicana, terão visto em Stewart um músico de grandeza suficiente para tomar parte num evento daquela envergadura, onde também desfilam nomes destacados do jazz internacional – e de ritmos enquadráveis, como os explorados pelo músico moçambicano.

Os produtores do festival do Cabo apreciaram também a performance de Stewart Sukuma durante a primeira edição do Moçambique Jazz Festival, realizado no ano passado na cidade da Matola, arredores da capital moçambicana.

Em 2008, Stewart fez vários espectáculos, na maioria virados para a promoção do seu disco “Nkuvu”, editado em 2007.

Num nível mais particular, 2008 foi fabuloso para Stewart porque foi capaz de concentrar em si toda a popularidade que podia ser dedicada a um só músico. A sua cação “Fesliminha”, do disco “Nkuvu”, destacou-se como a mais preferida dos ouvintes da Rádio Moçambique, que a escolheram para o prêmio Canção Mais Popular do ano no Top Ngoma, a principal parada musical do país.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Enquete JazzMan!: Resultado


Na última enquete, perguntamos:
Como você conheceu o blog JazzMan!?

77 internautas votaram.

Vejam o resultado:

Orkut 16 (20%)
Google 24 (31%)
Indicação 12 (15%)
Blog parceiro 17 (22%)
MySpace 0 (0%)
Outros 8 (10%)

Esse pergunta serviu para aperfeiçoarmos a nossa linha de divulgação. Podemos constatar que a maioria dos internautas que visitam o nosso blog pela primeira vez, são oriundos do Google. Isso é ótimo! A keyword "Jazzman" na busca do mecanismo, mostra o nosso blog no topo da lista. Vamos manter assim! Vamos intensificar a nossa divulgação em blogs e orkut, pois, conseqüentemente, o nível de indicação irá aumentar. Obrigado a todos que votaram.

Na nova enquete, queremos saber:
O que você achou da Rádio JazzMan!?

Votem, participem! Vocês ajudam a fazer esse blog.

JazzMan!

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quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Soraya Magalhães: Maysa

Aproveitando o sucesso da minissérie Maysa, da Rede Globo, estou repostando este texto de 11/06/07, da psicóloga e colaboradora Soraya Magalhães.


Para se falar de Maysa a palavra em voga não é fossa, não é dor de cotovelo, não é sofrimento. É simplesmente o sentir. O sentir mais intenso que pode haver, pra essa cantora que já nasceu tendo o inferno na certidão – Ela é de 6/6/ 1936. E ela vai fundo! Profundeza abaixo. Queima com tanta vontade que a gente sente até vergonha de às vezes ser medíocre, sem experimentar tudo isso.

Já começa tendo que fazer pacto, dando o casamento em troca da música.

Se é pra fazer, que faça direito.

E ela enfia o pé na porta. Voz rascante. Nada de vinho suave. Nada de amenidades. O instrumento é a intensidade.

Enquanto isso a gente vai entrando na música, quase cortando os pulsos a dentadas, incorporando de vez a voz dessa mulher que solta na melodia a caixa de Pandora.

Ela sente!!!

Carrega nos olhos toda sedução. Envolve, feito promoção de traficante. Primeira vez é grátis. Depois... Danação total.

O efeito é irreversível. Quando a gente se dá conta já está com os olhos cheios, sentado encolhidinho no chão, pedindo mais. Mais. Mais...


Prá quem quiser ler mais sobre essas sensações que nos invadem a alma, nos tomam de assalto e nos deixam assim... sem saber de nada, é só clicar no endereço a seguir http://pravariar2.blogspot.com/ e conhecer um pouquinho do que faço da vida.


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Guinga diz ter sido agredido por policial em aeroporto de Madri


Por Leonardo Alcântara

A relações diplomáticas entre Brasil e Espanha vão de mal a pior, e essa semana acaba de ganhar um novo capítulo. Depois dos diversos incidentes do ano passado, onde brasileiros foram barrados no aeroporto de Madri e impedidos de visitarem a Espanha, O violonista e compositor Carlos Althier Lemos Escobar, o Guinga, 59, diz ter sido agredido por um policial do aeroporto internacional de Barajas, em Madri, após ter dado queixa do furto de seu casaco - com passaporte, dinheiro e cartão de embarque - na esteira de raio-x.

Guinga esteve fazendo show na Itália e faria conexão em Madri para voltar ao Brasil, mas na sexta-feira o aeroporto ficou fechado devido à neve. A agressão teria acontecido quando o músico reclamava com um policial sobre a "irresponsabilidade" de agentes, que o haviam mandado procurar a embaixada brasileira para relatar o crime.

O músico diz que o soco na boca lhe arrancou dois dentes e um postiço. Guinga acabou achando o casaco perto de uma lixeira com tudo dentro, menos o dinheiro.

O violonista, que ironicamente é neto de espanhóis, disse: "A polícia espanhola é pior do que os bandidos dos morros brasileiros". "Tive que tomar muito tranquilizante e remédios para a pressão. Discriminação, essa é a palavra", afirmou Guinga.

Tudo isso é muito engraçado. No passado, durante o século XX, o Brasil abrigou milhares de espanhóis que vieram trabalhar nas plantações de café e, mais tarde, aqueles que fugiam da terrível guerra civil que devastava a Espanha. Mas eles nem se lembram disso... Hoje, somos discriminados e tratados como verdadeiros lixos em território espanhol. O que aconteceu com Guinga não a primeira vez e nem será a última em um país que antes era conhecido por suas belezas e diversidade cultural, mas hoje também transparece o seu lado xenofóbico e discriminatório. Enfim, tudo isso é muito engraçado...JM

http://www.guinga.com/

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segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Podcast - Os maiores trompetistas do Jazz

O grande Freddie Hubbard: falecido em 30/12/2008


Download (clique botão esquerdo para ouvir no Wyndows Media Player (ou cole a o link no campo URL do player)/ clique botão direito + salvar destino como para baixar)


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Ola queridos amigos e visitantes do Blog JazzMan! Este é mais um post resultado da pareceria com o Blog Farofa Moderna. Primeiramente, Feliz Ano Novo a todos! Segundo, sejam bem vindos a mais um programa do nosso Podcast Farofa Moderna. Esse programa é totalmente dedicado aos maiores trompetistas da história do Jazz, mais a partir do Jazz Moderno, e segue numa trilha que começa com o Bebop de Dizzy Gillespie, passa pelo hard bop de Lee Morgan, depois passa pelo post-bop de Woody Shaw até aportar-se no neo-bop de Wynton Marsalis. Todos esses nomes – bebop, hard bop, post-bop, neo-bop – parece, num primeiro momento, deixar a apreciação um tanto difícil para quem está começando a se interar do universo jazzístico. E apesar de algumas pessoas optarem por não querer saber sobre o quê os rótulos representam, há outras que querem entender as características de cada um deles e as diferenças entre eles, pois são nada mais do que nomenclaturas usadas para denominar estilos e épocas do Jazz. É com essa intenção de mostrar esses estilos que eu escolhi uma linhagem de trompetistas com influências em comum, a qual começou com Dizzy Gillespie e foi se desdobrando na história do Jazz cada um influenciando o outro subseqüente: ou seja, Dizzy influenciou Clifford Brown que influenciou Lee Morgan e Donald Byrd; Clifford Brown influenciou Freddie Hubbard que influenciou Woody Shaw e Wynton Marsalis. Aliás, um outro fato interessante é que, com exceção de Dizzy Gillespie que começou a carreira com Charlie Parker na década de 40 e de Woody Shaw que foi descoberto por Chico Hamilton e revelado por Eric Dolphy na década de 60, todos os outros aqui citados tocaram na banda Art Blakey’s Jazz Messengers, recebendo a tutela do grande baterista Art Blakey, um dos “pais”do estilo de jazz denominado como hard bop. Enfim, este podcast mostra com clareza as características de cada trompetista que foram o expoentes das suas épocas ditando padrões e tendências: todos queriam copiar Dizzy Gillespie, o trompetista que exploravava toda a extensão do trompete (da parte grave às notas mais agudas) com uma rapizez e um fraseado fora de série; Clifford Brown foi o trompetista que caracterizou a transição do bebop para o hard bop: ele tocava ágil, com uma criatividade espantosa e sempre com as notas bem claras e destacadas; Lee Morgan, por sua vez, era o virtuoso do hard bop que tinha preferência por baladas e temas mais dançantes com um som intenso e um grande senso melódico; Donald Byrd era ágil e tinha um fraseado sequenciado, límpido e uma sonoridade cristalina, ligando as notas sem deixar falhas; Freddie Hubbard fraseava pausadamente sempre de forma inventiva e exuberante; Woody Shaw, que recebeu influencia direta de Hubbard e Eric Dolphy, inventou seu próprio fraseado, dispondo, também, de uma improvisação que consistia em tocar de forma melódica impregnando, no meio, suas frases únicas, até hoje inigualáveis; e, por fim, Wynton Marsalis, o virtuose trompetista de sonoridade macia que sabe tocar de várias formas, com vários fraseados e em vários estilos – nessa faixa do podcast, Wynton está no início da sua carreira e mostra-nos um fraseado cadenciado, rápido e próprio com influências de Freddie Hubbard, Miles Davis e Woody Shaw.

1º Bloco – tema de abertura: I Got Rythm – Freddie Hubbard com Wynton Kelly Quintet

1 - Wheatleigh Hall (do disco Duets de 1957)

Dizzy Gillespie - trumpete
Sonny Rollins – saxofone tenor
Tommy Bryant - contrabaixo
Ray Bryant - piano
Charli Persip – bateria

estilo: bebop

2 - Quicksliver ( do disco Immortal Concerts: New York City, Birdland Club - February 21, 1954)

Clifford Brown - trumpet
Art Blakey - drums
Horace Silver - piano
Lou Donaldson alto saxofone
Curley Russell – bass

estilo: bebop/hardbop

2º Bloco – tema de abertura: Gaza Strip – com Lee Morgan

3 - Zip Code ( do disco Infinity de 1965)

Lee Morgan: trumpet
Jackie McLean: alto saxophone
Larry Willis: piano
Reggie Workman: bass
Billy Higgins: drums
estilo: hard bop

4 - The Injuns (do disco Byrd in Hand de 1959)

Donald Byrd - trumpet
Pepper Adams - baritone saxophone
Walter Davis, Jr. - piano
Sam Jones - bass
Charlie Rouse - tenor saxophone
Art Taylor - drums
estilo: hard bop

3º Bloco – tema de abertura: The Mootrane – Woody Shaw

5 - The Intrepid Fox (do disco Red Clay de 1970)

Freddie Hubbard - trumpet
Joe Henderson - tenor saxophone
Herbie Hancock - electric piano
Ron Carter - bass
Lenny White - drums

estilo: hardbop/ post-bop

6 - Katrina Ballerina (do disco The Mootrane de 1974)

Woody Shaw -Trumpet
Cecil McBee - bass
Tony Waters - Congas
Victor Lewis - Drums
Guilherme Franco - Percussion
Onaje Allen Gumbs - Electric Piano
Azar Lawrence - Soprano and Tenor Saxophone
Steve Turre - Trombone

estilo: post-bop

4º Bloco – tema de abertura: Knozz Moe-king - com Wynton Marsalis

7 - Chambers of Tain ( do disco Live at Blues Alley de 1986)

Wynton Marsalis - trumpet
Robert Hurst - bass
Jeff "Tain" Watts - drums
Marcus Roberts – piano

estilo: neo-bop




Visite também o blog www.farofamoderna.blogstpot.com

Ouça a Rádio JazzMan!


Visando mais aproximação com os usuários do blog, criei a Rádio JazzMan!, mais um canal onde eu posso compartilhar um pouco das músicas que rondam o meu universo musical.

Diferente do Podcast, que apresenta programas por temas, a rádio irá apresentar diversos estilos musicais aleatoriamente. Vocês poderão conhecer um pouco mais das músicas que normalmente costumo ouvir no meu MP3 Player e em casa, quando eu gosto de pôr um bom vinil na minha vitrola ou um bom cd no micro-system ou PC.

Ouçam, comentem e dêem suas sugestões. Suas idéias são muito importantes. Vamos fazer desse canal mais um espaço de troca e compartilhamento de cultura e informação.

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quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Entrevista Exclusiva: Ithamara Koorax

Ithamara Koorax e JazzMan! Foto: Fernanda Melonio

Por Leonardo Alcântara (JazzMan!)
Fotos: Fernanda Melonio

Eleita pela Revista DownBeat como a terceira melhor cantora de Jazz do mundo em 2008, a brasileira Ithamara Koorax é um dos nomes mais importantes da atual cena jazzística mundial. Sua criatividade, aliada a uma técnica vocal ímpar, faz com que Ithamara seja reconhecida no exterior, rendendo-lhe críticas positivas, prêmios e convites para cantar nos mais importantes palcos e festivais espalhados pelo mundo.

>> Comente esta entrevista
>> Mande a sua mensagem para Ithamara Koorax

Show no Mistura Fina

Na semana passada, a fotojornalista Fernanda Melonio e eu tivemos a oportunidade de prestigiar os primeiros shows de sua turnê brasileira, no Mistura Fina, em Ipanema. Acompanhada de uma super banda que mesclava novos músicos (Jorge Pescara (baixo) e Rodrigo Lima (guitarra)) e veteranos influentes (José Roberto Bertrami (teclados), Haroldo Jobim (bateria) e Paulo Fernando Marcondes Ferraz (percussão)), Ithamara impressionou um Mistura Fina lotado com sua potente técnica vocal e sua comovente interpretação para um repertório diversificado. Seja cantando clássicos brasileiros (Desafinado e O Pato), ou standards americanos (My Favorite Things e The Shadow of Your Smile), Ithamara entrava e saía muito bem nas mais variadas vertentes, mostrando ao público a característica principal de sua obra: a versatilidade. Simpática e atenciosa com uma platéia calorosa, Ithamara deixou sua marca, provando que a escolha da revista DownBeat não é mero acontecimento, mas a confirmação e o reconhecimento a uma cantora em puro momento de inspiração e criatividade.

Fotos do show:
Ithamara KooraxIthamara Koorax & Rodrigo LimaPaulo Fernando Marcondes FerrazIthamara Koorax & Jorge Pescara
Ithamara Koorax & bandaIthamara KooraxIthamara KooraxIthamara Koorax & banda

Brazilian Butterfly Tour 2009

Ithamara Koorax dará seguimento à sua turnê brasileira, no Bar do Tom, Leblon, durante os dias 9, 10, 16 e 17 de janeiro. A casa dispõe de 350 lugares e os preços são: R$ 60,00 (Setor Palco / 92 lugares; R$ 50,00 (Setor A / 52 lugares); R$ 40,00 (Setor Par / 118 lugares) e R$ 40,00 (Setor Par / 92 lugares). Detalhes: http://www.plataforma.com/br_tprog.htm

Depois, a turnê segue para Curitiba, Belém, São Paulo, Ásia e Europa. Antes disso, Ithamara generosamente nos concedeu uma bela entrevista, onde comenta sobre os pontos principais de sua carreira.

JazzMan!: Você acaba de ser eleita a 3ª melhor cantora de jazz do mundo pela revista DownBeat. Mas sua obra é marcada pela diversidade: seu repertório pode agradar tanto aos fãs de Jazz, quanto aos de Lounge/Eletrônico, Smooth Jazz, Bossa, Samba e outros. Como você lida com o rótulo de cantora de Jazz e como define seu trabalho?

Ithamara Koorax: Lido bem com este rótulo e com qualquer outro, porque eu não me importo com rótulos. Defino meu trabalho como "música universal", aberta a todas as influências. Meus detratores (brasileiros, claro) dizem que eu me auto-rotulei como cantora de jazz, mas isso jamais aconteceu. Este carimbo veio primeiro da crítica japonesa, quando lancei o "Rio Vermelho" em 1995 e o disco chegou ao 10º lugar em vendas na parada de jazz da revista "Swing Journal", com o Frank Sinatra em 11º. E se consolidou depois que o "Serenade in Blue" foi lançado no mercado americano em 2000.

De qualquer modo, ser rotulada como "jazz singer" pela comunidade jazzística internacional é, obviamente, um grande elogio. Me sinto lisonjeada quando sou reconhecida não apenas pelos leitores das revistas, mas também por críticos como Ira Gitler, Scott Yanow, Thom Jurek, Fred Bouchard e Frank-John Hadley. Aliás, não coincidentemente, eles são mais do que críticos, são considerados os cinco maiores historiadores de jazz na atualidade, escreveram livros importantes. E todos, exceto o Jurek, que é editor do All Music Guide, escrevem para a DownBeat. Ira Gitler é co-autor, ao lado do falecido Leonard Feather, da famosa série de "Enciclopédias do Jazz" que são a referência máxima no assunto e se apaixonou pelo meu trabalho em 2002, tanto que aceitou escrever o texto do livreto do CD "Love Dance". Yanow acaba de lançar o livro "The Jazz Singers: The Ultimate Guide", no qual me incluiu entre as melhores cantoras de jazz de todos os tempos, tendo deixado de fora nomes como Norah Jones, Joni Mitchell, Esther Phillips, Madeleine Peyroux e a espetacular Rachelle Ferrell. Não vou entrar numa ego-trip por causa disso, mas é claro que fico feliz.

JM: Alguns audioblogs disponibilizam seus cds para download de graça. Em um deles, o “Música da Boa”, há vários álbuns de sua discografia para baixar. Uma das postagens corresponde ao download do álbum Brazilian Butterfly (2006), onde você deixou uma mensagem de parabéns para o autor do blog e não se incomodou. Enquanto cantora, como você avalia o compartilhamento de suas músicas na internet: ajuda ou atrapalha?

IK: Eu acho que ajuda. A pessoa que gostar mesmo tende a comprar o disco ou pelo menos a ir ver algum show. Mas fico preocupada com o lance dos direitos autorais, porque os compositores não podem viver de brisa.

JM: Em julho de 2003 você teve a oportunidade de se apresentar no programa de Fausto Silva, na Rede Globo. Muitos criticam o programa e o rotulam de "povão" por mostrar atrações de forte apelo popular, mas sua apresentação mostrou um outro lado: você manteve o Ibope do programa crescente cantando músicas como "Cristal", "Mas Que Nada", "The Shadow of Your Smile", além de improvisar para uma platéia calorosa e impressionada por sua potência vocal. Você acredita que isso é uma prova de que esse papo de que o povo não quer ouvir coisas diferentes é mito e que o problema está na difusão e não nas pessoas?

IK: Claro que é isso! Você já explicou tudo! Eu fui convidada para cantar no Faustão logo depois de ter assinado com a Som Livre para lançar o "Love Dance" no Brasil em 2003. Pediram que eu preparasse duas músicas ("Cristal" e "Iluminada", por terem sido temas de novelas) e disseram que havia a possibilidade de uma terceira música, "Aquarela do Brasil", porque o Fausto tinha gostado da minha gravação e queria aproveitar para fazer uma homenagem ao Ary Barroso. Mas esta terceira música só aconteceria se o Ibope não caísse. Pois bem: não só o Ibope não caiu, como subiu e não parou de subir. Fiquei no ar por quase 20 minutos e o programa se manteve como líder de audiência o tempo todo, batendo o Gugu, que era o grande concorrente naquela época. Tudo inteiramente ao vivo e sem ensaio! E sem playback. Levei minha banda e tocamos o que o Faustão ia pedindo.

Teve uma hora em que, depois do Caçulinha me elogiar, o Fausto começou a dizer: "olha só o agudo dela, parece sintetizador". E pediu para que eu improvisasse alguns efeitos a capela. Ele disse literalmente: "se vira nos 30"! Eu me diverti muito naquela tarde, o CD "Serenade in Blue" esgotou no Brasil todo (o "Love Dance" ainda não tinha sido lançado), e depois do programa a direção da Globo me homenageou com um jantar.

A parte chata da história foi que minha presença no programa gerou muita inveja, recebi quase uma centena de e-mails desaforados (enviados, claro, pelos "anônimos" sempre covardes) e muitos comentários negativos foram postados na internet. Precisei até tomar providências jurídicas quando os insultos atingiram o nível de difamação. Teve um músico de São Paulo, que a perícia conseguiu identificar, que me mandou um e-mail como se fosse o Jorge Benjor, usando o endereço de e-mail dele. Na mensagem ele me acusava de ter assassinado o "Mas Que Nada" e pedia que eu nunca mais cantasse a música. Veja a que ponto a coisa chegou! Isso eu acho lamentável e tristíssimo, porque alguém que se pretende artista ficar falando mal de colega de trabalho na internet é o fim da picada.

Outro dia eu li, num blog horroroso, que eu só era conhecida nos Estados Unidos pelos "japoneses endinheirados" (!!!) e que só fazia shows em cruzeiros. Logo eu que nunca cantei em navio! E se cantasse também não teria nada demais, porque até o Herbie Hancock e o Marcus Miller tocam em cruzeiros.

JM: Na lista das melhores cantoras do mundo da revista Downbeat, elaborada por seus leitores, você figura logo atrás de Dianna Krall e Cassandra Wilson. As duas são da geração dos Young Lions, composta por músicos surgidos nos anos 80 e 90 com a proposta de valorizar as tradições jazzísticas e que custa a absorver inovações. Mas trabalhos como Love Dance e Brazilian Butterfly são totalmente diferentes dessa proposta. Como você conseguiu vencer nesse mercado?

IK: Justamente por conta da tal "imprevisibilidade", que também significa criatividade. Paradoxalmente, demorei muito mais a entrar no mercado americano pela mesma razão, pois é um mercado realmente mais "protecionista".

A mesma coisa aconteceu com a Flora Purim. Ela morava nos EUA desde 1968, excursionava pela Europa com o Stan Getz, tinha gravado em Londres com o Chick Corea ("Light As A Feather"), mas só despontou na cena jazzística americana em 1974, quando chegou ao primeiro lugar na eleição dos leitores da DownBeat ao lançar um disco nos EUA, o "Butterfly Dreams". Ela venceu por cinco anos seguidos, até 1978, numa época em que as grandes divas, como Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Carmen McRae e Betty Carter, ainda estavam vivas e cantando uma barbaridade. Mas a Flora chegou com uma sonoridade inovadora, totalmente diferente daquele scat-singing de bebop, e foi isso que chamou a atenção.

Entre 1990 e 2000, eu só atuava na Ásia e na Europa, onde também estabeleci um nome na área da dance-music. Mas apenas ao lançar o "Serenade in Blue" nos EUA, em 2000, foi que as portas do mercado americano começaram a se abrir. Mesmo assim, é claro que a popularidade da Diana Krall, a quem eu admiro muito, é mil vezes maior que a minha.

JM: A exemplo de Flora Purim e Tânia Maria, você saiu do Brasil para fazer a sua carreira, conquistando o mercado americano, europeu e japonês, sendo muito elogiada por público e crítica e colhendo prêmios por seus trabalhos. Mas no Brasil muitos não sabem disso. Suas músicas já foram trilhas de novelas e filmes aqui, mas raramente são executadas nas rádios, mesmo tendo em seu repertório músicas que podem ser radiofônicas. De alguma maneira isso a incomoda? Conquistar o mercado brasileiro é um de seus desafios?

IK: Várias vezes eu tive, no Brasil, a sensação de ser "invisível". Mas não é culpa minha nem do público, que lota todos os meus shows se souber que aquele show está acontecendo. A superlotação que você viu duas noites seguidas no Mistura Fina não é novidade alguma. Eu canto no Mistura desde 1990, meu primeiro ano de carreira profissional. E todas as temporadas são um sucesso de público. Sempre rolam os pedidos de shows extras e eu já fiquei até três semanas em cartaz. Este ano isso só não vai acontecer no Mistura porque eu já tinha me comprometido em levar o show para o Bar do Tom.

Você é testemunha ocular da forma calorosa como a platéia me trata, interage, canta junto. Eu AMO fazer shows, Principalmente no Brasil. Em 2005, eu fiz uma temporada de três meses no Sofitel. Em 2006, foram quatro meses seguidos de casa lotada! Só que nem sempre a imprensa noticia isso. Mas eu costumo viajar bastante pelo Brasil. Vou de Rio Branco (Acre) a Ipatinga (Minas Gerais), de Teresina (Piauí) a Sorocaba (São Paulo), sempre com casa cheia. Eu sou um fenômeno! (rssss)

Meu desafio não é conquistar nada, é apenas levar o meu canto ao maior número possível de lugares, no mundo todo. E o Brasil faz parte do mundo. Como eu mantenho sempre o mesmo padrão de qualidade, sempre dou ao público o melhor de mim, tenho o mesmo prazer em cantar em Zurique ou em Nova Iorque ou em Belém do Pará.

JM: Você já cantou e gravou com grandes gênios da música. Podemos citar verdadeiros inovadores como Tom Jobim, Claus Ogerman, Dom Um Romão, Elizeth Cardoso, John McLaughlin e muitos outros. De onde vem essa facilidade de tocar com tantos nomes de peso? Ainda há alguém com quem você queira fazer uma parceria?

IK: Todos esses encontros aconteceram naturalmente. Quando você ama muito a obra de um artista, estabelece-se uma conexão espiritual e um dia o encontro físico se realiza.

Eu ouvia Elizeth Cardoso desde a minha infância, foi a minha primeira cantora favorita porque meus pais tinham vários discos dela. Um dia eu fui a São Paulo fazer um show, com Guinga e Paulo Cesar Pinheiro, e quem estava na platéia? Elizeth! Até aí tudo bem, ela podia nem ter gostado do meu estilo. Mas no final do show ela pediu para subir ao palco e ficou uns cinco minutos me elogiando. Eu não acreditava que aquilo estava acontecendo! Depois eu a convidei para assistir um outro show no Rio e ela virou minha madrinha artística.

O Tom Jobim ouviu meu primeiro CD, "Ao Vivo", vencedor do Prêmio Sharp em 1994, porque ganhou um exemplar de presente da irmã dele. O disco tinha umas três ou quatro músicas do Tom e ele gostou tanto que um dia me ligou e falou: "Do próximo disco eu quero participar". Achei que ele tinha sido gentil ao falar aquilo, mas resolvi arriscar e o convidei quando comecei a fazer o "Rio Vermelho". Ele aceitou de imediato e gravamos algumas músicas em outubro de 1994. Somente uma entrou no disco, as outras gravações permancem inéditas. Mas uma das músicas era "Absolut Lee", que eu regravei depois para a trilha da novela "Celebridade" em 2003.

Dom Um eu conheci em 1991, em Nova Iorque, e depois nos reencontramos em 1996, quando ele foi assistir a um show meu com o Azymuth. No final, foi até a beira do palco me cumprimentar, beijou as minhas mãos e disse: "precisamos fazer um som juntos!" Tenho isso filmado! E tocamos pelo mundo todo até 2005. O McLaughlin e o Ron Carter eu conheci através do Luiz Bonfá, que foi meu vizinho na Barra da Tijuca por dez anos. Ele foi um pai musical para mim.

Com o Claus, o Sadao Watanabe e o Larry Coryell também fluiu de uma forma espontânea. Talvez a única exceção tenha sido o Jay Berliner, que foi guitarrista do Charles Mingus. Eu sempre fui apaixonada por discos dele com o Milt Jackson ("Sunflower") e com o George Benson ("White Rabbit"), e resolvi convida-lo para participar do "Serenade in Blue". Ele não sabia quem eu era, mas gostou dos discos que eu mandei e aceitou gravar. Também não posso deixar de falar do Dave Brubeck, que é um grande amigo e me apadrinhou na comunidade jazzística americana porque é muito influente. Além de gênio, é o gentleman dos gentlemen. Tocar e conviver com esses mestres é mais importante do que qualquer prêmio.

JM: No seu show, fiquei muito comovido com a maneira que você se entrega no palco. Estavas tão simpática, bonita, elegante... Se expressava das mais diversas formas, seja triste ou alegre, como se ali não estivesse apenas uma Ithamara. Quem é a Ithamara Koorax no palco? Quem são essas Ithamaras que há dentro de você quando está cantando?

IK: É a mesma Ithamara Koorax do dia-a-dia, sujeita a diferentes emoções e que se expressa de várias maneiras, mas é sempre a mesma pessoa, dentro ou fora do palco. Durante o dia tem momentos em que você está reflexiva, em outros mais agitada, em outros mais emocionada ou com a sensualidade mais aflorada. Tudo isso vai automaticamente para o palco na hora do show. Eu não controlo nem disfarço minhas emoções. Uma vez, durante um show em Seul, na Coréia, em 2006, o público me acolheu de uma forma tão carinhosa, rolou uma empatia tão grande, que eu e a platéia choramos juntos, e terminei o show aos prantos, de tanta felicidade. Num concerto com a Orquestra Jazz Sinfônica, em São Paulo, em 2005, eu também não segurei o choro quando dediquei "Mas Que Nada" ao Dom Um Romão, que tinha acabado de falecer. Parecia que ele estava ao meu lado no palco, cantei arrepiada o tempo inteiro. Este vídeo alguém até colocou no YouTube. Em dezembro último, o concerto em Nova Iorque ao lado da big-band Amazon, do Maestro Thiago de Mello, celebrando os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU, também foi emoção pura.

JM: Para finalizar: você teve um ano maravilhoso em 2008 e estará gravando um novo álbum em abril. Pode adiantar alguma coisa de como será 2009?

IK: Eu tento me planejar o mínimo possível, gosto das coisas fluindo naturalmente. Tanto que, embora eu esteja com dois discos recém-lançados (os tributos a Dom Um Romão e Stellinha Egg), os shows no Mistura Fina não tiveram nenhuma ligação com eles. Bolei um show totalmente diferente, incluindo apenas quatro músicas de discos antigos, como "The Shadow of Your Smile", "Un Homme et Une Femme", "I Fall in Love Too Easily" e "Mas Que Nada", e temas que eu adoro mas que ainda não gravei.

O repertório do próximo disco será escolhido pelo público brasileiro, durante esta turnê. As pessoas recebem uma cartela e escolhem cinco músicas que gostariam que eu gravasse.

Depois dos shows no Rio, sigo para Curitiba, Belém e São Paulo. Depois, Ásia e Europa. Volto no final de abril para gravar o disco no Brasil e aí começo um novo ciclo. Tenho encomendas de músicas para outros artistas e para trilhas de filmes. O prazer de poder me reinventar, sem depender da autorização de gravadora ou permissão de empresário, é indescritível. A liberdade é o maior tesouro! JM

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